As vendas do varejo devem encerrar o ano com alta de 2,7% em relação a 2011. A projeção inicial da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) era de crescimento de 6%, porém, a redução acompanhou a perspectiva de incremento do PIB (Produto Interno Bruto), que no começo do ano era de 2,87%, de acordo com o Boletim Focus, do BC (Banco Central) e, hoje, é de 1%.
Segundo o economista-chefe da ACSP, Marcel Solimeo, o varejo vem crescendo acima do PIB porque o consumo das famílias está puxando a economia. "O crédito oferecido à pessoa física continua crescendo, as taxas de juros seguem diminuindo e o prazo de pagamento, aumentando. A massa salarial (rendimento médio multiplicado pelo número de trabalhadores) também está crescendo em decorrência da manutenção do emprego e do aumento do salário-mínimo no início do ano", afirma. "Como a segurança no emprego ainda é alta, a confiança do consumidor está elevada, o que propicia a realização de compras no longo prazo."
O varejo só não cresceu mais por conta da inadimplência (contas em atraso acima de 90 dias), que segue elevada, em 7,94%, conforme dados do BC, de outubro. Com o orçamento comprometido, fica difícil realizar mais compras. "O endividamento tem crescido muito nos últimos cinco anos, passando de 20% para 44,4% do PIB." Nos Estados Unidos, o endividamento atinge 100,7% e, na Inglaterra, 160,7%.
Pesquisa realizada pela Universidade Metodista de São Paulo mostra que este será o Natal das lembrancinhas, já que o consumidor, bastante endividado, tem consumido itens de menor valor. A expectativa da ACSP para as vendas de fim de ano é de expansão de 3% frente à data em 2011. "Isso se deve à forte estratégia do varejo, que desde setembro vem oferecendo renegociação com expressiva redução de juros. Além disso, muita gente usou a primeira metade do 13º salário para acertar dívidas. Assim, o consumidor consegue fazer suas compras de Natal", explica o economista da ACSP Emílio Alfieri.
A estratégia deu certo, pois a inadimplência do varejo na cidade de São Paulo deve encerrar o ano em 5%. É a melhor marca desde 2009, quando o índice chegou a 6,9%. Em 2010, ficou em 5,1% e, no ano passado, em 5,7%.
Dados do SCPC (Serviço de Proteção ao Crédito) mostram que, de 100% dos 140 milhões de CPFs registrados na base de informações, 73,8% não possuem registros negativos. Em 2010 eram 70,16%. "O aumento acompanha a entrada de consumidores no mercado. Tanto que o total de CPFs há dois anos somava 100 milhões", diz o economista.
Mesmo com esse cenário de expansão do varejo, Alfieri lembra que o resultado é o pior desde 2010. Em 2009, as receitas ficaram negativas em 4%, em 2010, positivas em 9,3% e, no ano passado, tiveram alta de 4%.
PROJEÇÃO - Para 2013, a expectativa é que o comércio cresça 6% e a geração de riquezas do País, 3,4%, conforme o BC. A alta acima de três pontos percentuais do PIB será calcada, conforme Solimeo, na perspectiva de queda da inadimplência provocada pela manutenção do emprego e da redução do ritmo de ingresso de novos consumidores. "Além disso, a concessão de crédito deve crescer mais em linhas com garantia, como a do setor imobiliário, que tem a menor taxa de inadimplência."
Veículo: Diário do Grande ABC - SP