Inadimplência baixa será vetor da alta do setor durante 2013

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O amadurecimento da classe C como público consumidor do varejo deve levar o segmento a uma continuidade no crescimento de 6% a 7% em 2012 para 2013, percentual acima do previsto para a evolução do PIB de 3,5% a 4% para este ano, conforme previsões do ministro da fazenda, Guido Mantega. Segundo o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Marcel Solimeo, a maturação do grupo, que assegurou o boom das vendas do setor nos anos anteriores, está fazendo com que a taxa de inadimplência despenque e, consequentemente, gere uma alta do número de vendas do varejo.

"Enquanto Mantega está sendo bastante otimista quanto ao avanço do PIB nacional em 2012, nós tentamos chegar a uma perspectiva próxima da realidade."

Para reiterar a previsão de queda do percentual de inadimplência dos brasileiros, o economista usou como exemplo o fato de o consumidor estar utilizando a primeira parcela do 13º para saldar as dívidas, ao invés de aplicar o dinheiro nas compras de Natal.

É por conta disso que a projeção de alta de 18% em 2011 para 22,5% em 2012 nas intenções de compra dos brasileiros para as festas de fim de ano se pautam somente na segunda parcela do 13º, já que a primeira foi empregada no abatimento dos débitos.

Segundo o levantamento da entidade, o Indicador de Registro de Inadimplentes (IRI) deve subir 7,4%, crescimento inferior ao piso de 11,1% indicado no ano passado. Para o economista, isso se deve à queda da quantidade de ingresso dos novos consumidores ao segmento, mais propensos a adquirir dívidas do que um comprador mais experiente.

O especialista prevê uma diminuição ascendente no surgimento de novos consumidores de 5 milhões, em 2012, para 3,5 milhões, em 2013. Atualmente, o Brasil contabiliza um total de 40 milhões de consumidores, com faturamento de aproximadamente R$ 16 bilhões. A resposta para o fenômeno de decréscimo do número de compradores se pauta no baixo crescimento vegetativo da população brasileira apresentado nos últimos anos.

"Com a população crescendo abaixo do limite dos outros anos, menos gente entra no mercado de trabalho e consequentemente a taxa de empregos sobe e o número de devedores diminui", afirmou Solimeo.

Ainda nesta linha de raciocínio, o economista avalia que o aumento da confiança por parte do consumidor quanto à seguridade de seus empregos dilata o consumo, além de o fazer assumir prazos mais longos de pagamento, o que, garantido pela redução contínua da taxa básica de juros (Selic), evita o incremento da inadimplência.

"A taxa de juros tende a cair até o próximo ano. Por enquanto, não há nenhum sinal que indique o seu aumento", constatou o especialista.

Segundo pesquisas do IBGE, a massa salarial, que avalia o volume de empregos e salários, saltou de cerca de 100 milhões em janeiro de 2005 para mais de 160 milhões em julho de 2012. Enquanto o percentual de juros decaiu de 80% em 2000 para menos de 40% em 2012.

"O aumento da renda brasileira provém dos programas assistencialistas desenvolvidos pelo governo federal. Um exemplo é o Bolsa Família. Além disso, o reajuste do salário mínimo de 14%, realizado este ano, também interferiu diretamente no incremento da renda", explicou.

Tanto o crescimento de um como a redução do outro acarretaram a uma maior expansão do crédito concedido pelos players do segmento aos clientes, o que, por sua vez, contribuiu para a queda de inadimplentes.

"Isso se deve a um maior rigor no oferecimento de crédito e ainda porque o crédito com garantias, como o imobiliário, ampliou em 2012", justificou.

Solimeo também ressaltou o fato de haver menos endividados no Brasil do que em outras partes do mundo, ainda mais por conta do retardamento do crescimento econômico nos Estados Unidos e em países da Europa ocasionado pela crise financeira.

Agenda

"Não acredito que essa medida do governo afetará o mercado de varejo", disse Solimeo, se referindo à desoneração da folha de pagamento de 40 setores das categorias de indústria, serviço e transporte brasileiros, que não precisarão pagar 20% de contribuição previdenciária ao Estado.

Para o economista, o pacote de benefícios não deve interferir expressivamente no preço final dos produtos do varejo, já que a indústria brasileira necessita da provisão do governo para competir em pé de igualdade com os produtos importados.

Para 2013, a entidade pretende pleitear junto ao governo maior aporte para o setor de infraestrutura. "É importante que o setor seja beneficiado porque sua estrutura se mantém bastante precária mesmo estando prestes a receber eventos esportivos importantes, como a Copa do Mundo [2014] e os Jogos Olímpicos [2016]."



Veículo: DCI


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