O Banco Central realizou em dezembro a maior venda de dólares das reservas internacionais desde a crise de 2008, com objetivo de derrubar a cotação da moeda estrangeira e compensar a forte saída de recursos do País. De acordo com o BC, até o dia 28, foram injetados US$ 5,5 bilhões no mercado de câmbio, maior intervenção desde a crise de 2008, quando foram vendidos mais de US$ 8 bilhões.
O BC vendeu dólares das reservas com o compromisso de recompra em datas futuras. Isso não era feito desde fevereiro de 2009. Além dessa espécie de "empréstimo" de moeda, o BC realizou ainda leilões de contratos de câmbio no valor de quase US$ 4 bilhões em dezembro.
No mês passado, as cotações foram pressionadas pelo aumento na saída de dólares do País - movimento contrário ao 'tsunami' de dólares esperado pelo governo. Até dia 28, o envio de recursos do Brasil para o exterior superava a entrada de dólares em US$ 6,8 bilhões. Faltando apenas um dia útil para o fim do mês, o resultado já representava o maior saldo negativo desde novembro de 2008, quando saíram US$ 7,2 bilhões.
A maior parte desse resultado se deve ao comércio exterior. O pagamento de importações está próximo do maior nível do ano e supera as exportações em US$ 4,3 bilhões, saldo negativo recorde. No mesmo período, houve saída de US$ 2,5 bilhões em operações financeiras, entre elas, remessas de lucros para o exterior, pagamentos de dívidas externas e saídas de investimentos. Nesse caso, o resultado negativo está abaixo do verificado em dezembro de 2011.
Intervenções. No início de dezembro, o dólar chegou a ser vendido a quase R$ 2,15, o que levou o governo a retomar as intervenções no câmbio e a rever uma série de medidas do arsenal usado até o começo do ano parar limitar a entrada de dinheiro no País. O próprio BC afirmou que as cotações não estavam refletindo as boas condições da economia brasileira e que havia "gordura" a ser cortada no câmbio.
A revisão das medidas mostra que o governo está preocupado com o impacto do dólar sobre a inflação. De acordo com projeções do BC, mesmo que o dólar permaneça próximo de R$ 2,05, o índice oficial de preços (IPCA) vai ficar acima do centro da meta de 4,5% até o fim de 2014.
O BC informou também que as reservas do País fecharam o ano passado em US$ 378,6 bilhões, 7,6% acima do verificado no fim de 2011. Esse é o menor crescimento desde 2008.
Veículo: O Estado de S.Paulo