Indústria brasileira gasta 8,1% a mais para produzir

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Contribuições pagas na folha de pagamento pressionaram margens.


Mesmo com a desoneração fiscal concedida pelo governo federal, o aumento das despesas com tributos elevou os custos da indústria brasileira, que apresentaran alta geral de 8,1% no terceiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. Esta é a maior taxa verificada desde 2010. Os dados são do novo "Indicador de Custos Industriais", divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Conforme o estudo, no período, o setor industrial registrou aumento de 7,1% somente no custo tributário em relação ao terceiro trimestre de 2011. O gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Renato da Fonseca, explica que apesar dos incentivos federais, como a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), foi verificado aumento no recolhimento de outros tributos, principalmente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

As contribuições pagas pela indústria na folha de pagamento também impactaram os custos. Segundo Fonseca, a desoneração da folha adotada pelo governo no ano passado beneficiou poucos setores e o aumento nos salários verificado no período resultou em maiores gastos por parte das empresas.

O aumento no custo verificado no período indica redução nas margens de lucro do setor industrial, uma vez que os preços dos produtos não acompanharam o ritmo. No terceiro trimestre do ano passado os preços industriais registraram alta de 6,1%, ante igual período de 2011.

Pessoal - O custo de produção, que leva em consideração as despesas com pessoal, bens intermediários e energia, influenciou também a variação positiva do novo indicador da CNI. A alta alcançou 10,6% no acumulado do terceiro trimestre do exercício passado em relação ao mesmo intervalo do ano anterior.

Entre os fatores que influenciaram o resultado está o incremento de 9,9% com o custo com pessoal. Porém, o gerente da entidade afirma que foi apurada perda de ritmo neste indicador, uma vez que nos quatros trimestres anteriores foram registrados crescimentos acima de dois dígitos.

Os gastos com energia aumentaram 4,4% no período. A tarifa de luz subiu 3,9%, enquanto os custos com óleo combustível aumentaram 7,3% no terceiro trimestre de 2012 ante igual período do ano anterior.

O maior impacto no custo de produção, segundo Fonseca, foi a alta de 11,1% nas despesas com bens intermediários. Isso se deve ao aumento de 19,2% nos preços de materiais importados, devido à desvalorização de 24% do real frente ao dólar no período. Os custos com bens nacionais apresentou incremento de 10% nesse intervalo.

De acordo com o gerente da CNI, apesar do impacto negativo no custo com os bens intermediários importados, a alta do dólar, por outro lado, resultou em melhora da competitividade da indústria nacional. O setor vem enfrentando concorrência pesada, principalmente com a Ásia, e a variação cambial tornou os preços internos mais atrativos.

A melhora da competitividade deverá ter continuidade neste ano por conta das medidas de estímulo adotadas pelo governo federal, como, por exemplo, a redução da tarifa da energia elétrica. Fonseca alerta que o país deve atacar outras deficiências, além dos custos que são levados em conta nesse indicador.
Entre os gargalos citados estão a burocracia e a falta de infraestrutura logística no país, que oneram o setor produtivo.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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