Brasil foi um dos países que tiveram maior revisão para baixo desde outubro nas estimativas para o crescimento
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as previsões de crescimento do Brasil para o período de 2012 a 2014. A previsão agora é de que o País cresça 3,5% em 2013, de acordo com uma atualização de projeções divulgadas ontem do relatório Global Economic Outlook que o FMI soltou em outubro. Naquele mês, a previsão era de que o Brasil iria crescer 4% em 2013. Para 2014, a previsão era de que o Brasil fosse crescer 4,2%, e agora baixou para 4%. Para 2012, o FMI prevê que o crescimento do Brasil ficará em 1%, também menor do que o divulgado no relatório anterior, quando se previa 1,5%.
Na revisão divulgada nesta quarta, o Brasil foi um dos países que tiveram maior revisão para baixo nas projeções de crescimento para 2013, quando se comparam os relatórios de ontem com o de outubro. No geral, as revisões, para cima ou para baixo, ficaram na casa dos 0,1 ou 0,2 ponto percentual na maioria dos casos. Apenas o conjunto formado por países que faziam parte da União Soviética (excluindo a Rússia) tiveram revisão para baixo tão acentuada como o Brasil. A previsão para aqueles países baixou 0,5 ponto, de 4,8% para 4,3%.
Segundo o economista-chefe e diretor do Departamento de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, após o fraco desempenho econômico do Brasil em 2012 e a redução das projeções para 2013 e 2014, a discussão dos limites de crescimento do País voltam à tona. O Brasil pode ter uma taxa de crescimento potencial menor do que o estimado, disse em entrevista coletiva para comentar previsões econômicas para 2013.
O fraco crescimento do Brasil e da Índia é uma preocupação do FMI, destacou Blanchard. Para ele, a discussão do crescimento potencial desses países ganha importância, uma vez que medidas de estímulo do governo estão tendo dificuldade em fazer a economia deslanchar. A recomendação do Fundo é de que o Brasil evite que medidas para estimular o crescimento piorem a situação fiscal do País, segundo o diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, Jorg Decressin. Outro ponto é investir em infraestrutura, para evitar que o lado da oferta limite ainda mais o crescimento do País.
Sobre a economia mundial, Blanchard recomendou cautela. “Podemos ter evitado abismos, mas temos pela frente altas montanhas para colocar a economia mundial de volta aos trilhos”, disse o economista. “O otimismo está no ar, mas não devemos ter ilusões. Desafios estão à frente na economia mundial”, afirmou. A economia mundial vai se recuperar neste ano, crescendo 3,5%, mas o número, destaca Blanchard, ainda é insuficiente para reduzir o alto desemprego que permanece em vários países, sobretudo nos desenvolvidos. A Europa, sobretudo a zona do euro, é o maior desafio para uma recuperação econômica mundial mais robusta. O FMI projeta queda de 0,2% nas economias da região neste ano.
Veículo: Jornal do Comércio - RS