Lista de produtos deve ser definida até 18 de março; taxas foram elevadas no ano passado, mas governo avalia que há aumentos de 'preços abusivos'
O governo federal estuda reduzir o Imposto de Importação de alguns produtos, como o polietileno, uma das resinas mais importantes para os fabricantes de produtos químicos e plásticos. Ele está preocupado com a elevação de preços do produto nacional ocorrida desde setembro do ano passado, quando foram majoradas as tarifas de importação de 100 produtos.
Não há, ainda, decisão tomada. Mas integrantes da equipe econômica citam que algumas empresas beneficiadas com o encarecimento dos produtos feitos por seus concorrentes no exterior aproveitaram a brecha para elevar os preços "além de um limite adequado". Além do polietileno, estão em análise outros itens, como chapa de alumínio e tubos ocos de ferro fundido.
A equipe econômica sabia que as empresas beneficiadas pela proteção iriam aumentar preços já no fim do ano passado, como uma forma de melhorar o caixa e compensar os negócios que estavam apertados pela forte competição com importados. O problema é que em alguns casos, o reajuste foi excessivo, na visão do governo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou em Nova York na terça-feira que está atento a grupos empresariais que estão abusando na alta de preços de insumos, aproveitando a medida que elevou a alíquota de importação de 100 matérias-primas, a fim de proteger a indústria nacional. O ministro afirmou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, que essa proteção pode ser revista.
O governo vai fechar a lista dos produtos que podem ter reduzida a tarifa de importação na semana que vem. Em seguida, o Ministério da Fazenda vai apresentar a proposta na reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que está agendada para o dia 18 de março.
Resinas. Usados pela indústria plástica para produção de garrafas, sacolas, cabos e fios, os polietilenos são produzidos no Brasil apenas pela Braskem. A alíquota do imposto de importação da resina foi elevada em setembro de 14% para 20%. O vice-presidente da unidade de Poliolefina da Braskem, Luciano Guidolin, disse que a medida contribuiu para a empresa ampliar a fatia de mercado, de 65% para 70%.
"Não vemos motivo para que essa medida seja revertida, uma vez que a variação dos nossos preços no período após a elevação do imposto sobre o importado foi coerente com o cenário internacional", disse Guidolin.
Segundo dados do executivo, a Braskem elevou os preços do polietileno em 3,7%, em reais, entre outubro e fevereiro, enquanto o importado ficou 6,9% mais caro, em dólar. Para ele, uma redução do imposto sobre importados "certamente traria impacto sobre a capacidade da empresa gerar resultados e investir".
Veículo: O Estado de S.Paulo