Os índices de inflação de fevereiro já têm mostrado uma acomodação dos preços. Segundo dados divulgados ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) passou de 0,34% em janeiro para 0,29% neste mês. Especialistas consultados pelo DCI acreditam que os preços dos alimentos e a recente queda da tarifa de energia foram os principais responsáveis para o resultado. Ao comentar o indicador de fevereiro o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, previu que o mês de março deva fechar em 0,43%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA -15), divulgado na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 0,68% em fevereiro ante 0,88% em janeiro. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) apurado nesta semana, também pela FGV, teve queda em todas as sete capitais pesquisadas.
Segundo Quadros, dentre os itens que chamam a atenção estão o preço da soja no atacado e a redução da tarifa de energia elétrica no varejo. No tocante à soja, apesar de no mês de fevereiro a oleaginosa ter sido um dos destaques de queda, com redução de 11,06%, a deflação, segundo Quadros, já vem perdendo ímpeto. A avaliação dele em relação ao comportamento do grão é de que, a despeito de as previsões contarem com a entrada de uma boa safra do grão no Brasil, a colheita norte-americana só entra no mercado a partir de setembro.
O IGP-M acumulado em 12 meses chegou a 8,29%, ante 7,91% em janeiro. Para Quadros, em março, a taxa acumulada deverá se manter mais ou menos no patamar de fevereiro, ficando nesse nível por alguns meses e subir no segundo semestre.
Segundo o economista da Austin Rating, Rafael Leão, a queda da energia elétrica foi crucial para o controle dos preços "se a gente excluísse a energia, teríamos uma inflação bem mais alta", previu. Os preços de habitação, segundo a FGV, foi um dos que contribuíram para a queda geral no mês, com uma retração de 1,75%, contra alta de 0,38% em janeiro. O item tarifa de eletricidade residencial registrou queda expressiva de 16,14% em fevereiro, ante recuo anterior de 0,38%.
Leão coloca que a queda de preços dos alimentos só deve ter algum impacto mais forte no varejo daqui a três ou cinco meses. "Começa desacelerando o indicador de alimentação do IPCA [índice oficial da inflação], e deve se prolongar enquanto prolongar a queda do IGP-M". Ele prevê que esse ciclo de baixas permaneça até agosto, quando deve se iniciar um novo movimento de altas.
O ministro interino da Fazenda ,Nelson Barbosa, também destacou ontem, durante a 40ª Reunião Ordinária do Pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), a queda da inflação dos alimentos que, segundo ele, tem mostrado sinais de desaceleração. "Não é segredo, é conhecido por todos que grande parte do aumento da inflação do ano passado veio de um choque no preço dos alimentos. Esse choque começa a ser revertido", disse salientando que o governo tem trabalhado pelo aumento da produção agrícola.
Veículo: DCI