Empresários de varejo e de serviços, além dos consumidores, estão mais pessimistas
Depois de um janeiro com sinais de uma retomada forte no ritmo de atividade, os consumidores brasileiros e os empresários do varejo e do setor de serviços terminaram o mês de fevereiro menos otimistas do que estavam no início do ano, de acordo com três índices de confiança divulgados ontem.
Na indústria, a confiança ficou praticamente estável no mês passado, com crescimento de 0,1% em comparação com o dado de janeiro. Para as entidades que elaboram os índices, a queda na confiança pode indicar atividade moderada nos próximos meses.
O aumento da preocupação com emprego, inflação e endividamento foi captado pelo Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Ine), elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontou queda de 0,9% em relação ao resultado de janeiro.
Em relação ao resultado de fevereiro do ano passado, o índice, no entanto, avançou 0,7%. A CNI pondera que, apesar da queda, a confiança do consumidor segue maior que a registrada na maior parte do período entre o segundo trimestre de 2011 e o terceiro trimestre de 2012.
O índice de confiança do setor de serviços (ICS), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 2,7% em fevereiro, ante janeiro, de 125,5 para 122,1 pontos, menor nível desde outubro do ano passado (121,5). Os empresários do setor estão menos confiantes tanto com as condições atuais quanto com as perspectivas para os próximos meses. "De maneira geral, os indicadores de fevereiro de 2013 reforçam a impressão de um início de ano ainda com moderado ritmo de atividade no setor", avaliou a FGV em relatório.
A confiança também diminuiu no varejo. A economia ainda fraca e ritmo menor de vendas fizeram o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) recuar pela segunda vez consecutiva. A queda foi de 1% no mês passado, depois de ter ficado negativo em 1,6% em janeiro, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Na análise da CNC, os resultados refletem as condições atuais da economia e também fatores sazonais do setor. Historicamente, no primeiro trimestre de cada ano, a demanda é mais fraca no segmento do varejo do que a apurada no quarto trimestre.
A entidade pondera, contudo, que, nas comparações com ajuste sazonal, é possível perceber que as vendas neste início de 2013 estão operando em nível inferior ao apurado no ano passado. Isso tem impedido recuperação mais sustentável do nível de confiança do empresário do comércio. Para a entidade, a conjuntura delineada para o varejo ao longo de 2013 será menos favorável do que a observada no ano passado.
A desaceleração das vendas no comércio, evidenciada pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, vem corroendo o otimismo no setor desde o início do segundo semestre de 2012, afirma a CNC. Para 2013, a expectativa é que o volume de vendas do varejo cresça de forma menos intensa, com expansão de 6,7%, ante o aumento de 8,4% observado em 2012.
No setor de serviços, o indicador da FGV que mede as expectativas para a demanda para os meses seguintes (IE) recuou 2,5% em fevereiro frente a janeiro. A proporção de empresas prevendo aumento da demanda passou de 46,8% para 44,7%, enquanto a parcela daquelas que projetam diminuição aumentou de 5,5% para 6,9%.
Veículo: Valor Econômico