Brasil e França podem fazer negócios com gado e vinho

Leia em 2min 40s

O setor produtivo de Santa Catarina busca parcerias com empresas de genética animal da França para desenvolver o rebanho bovino da raça charolês, típica da Região Sul e da qual o estado lidera a produção. Franceses, por sua vez, estão interessados na produção gaúcha de vinhos, em que podem atuar pela melhoria da qualidade da bebida nacional.

A relação comercial do Brasil com o país europeu movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano, e o consulado francês tem realizado missões em cinco estados brasileiros para levantar possibilidades de negócio, inclusive no setor rural - "em que há grandes negócios já muito desenvolvidos".

O cônsul econômico francês, Stéphane Mousset, cita a trading Louis Dreyfus Commodities como um desses casos. "Nos grandes assuntos, não podemos fazer coisas novas", ele disse. No entanto, há potenciais parcerias na pecuária catarinense e na vinicultura do Rio Grande do Sul.

Acordos comerciais com empresas que forneçam material genético, com transferência de tecnologia ao País, para a expansão do gado de origem francesa em Santa Catarina, são uma "via concreta" de negócio, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.

"O sul já foi um grande mercado de charolês. Fizemos um apelo para importar embriões e desenvolvê-lo novamente", contou ele. "Santa Catarina não produz carne de boi suficiente para seu próprio consumo - somos importadores -, então queremos ampliar o rebanho para que no futuro possamos até exportar", acrescentou. Pedrozo recebeu o consulado francês nesta semana.

Mousset, de sua parte, garante que é hora de "desenvolver o gado catarinense com tecnologia francesa". Radicado em São Paulo, o cônsul tem andado em missões comerciais pelos três estados do sul e por Mato Grosso.

De acordo com ele, há interesse de empresas francesas em desenvolver o vinho que é produzido no Rio Grande do Sul. "Já houve cooperações assim, com bons resultados, na Argentina. A experiência pode ser repetida no Brasil", afirmou.

Balança pende para a França

As exportações brasileiras à França cresceram 12,4% no início deste ano, em comparação com janeiro e fevereiro de 2012. Nos últimos dois meses, o País embarcou US$ 540,6 milhões aos franceses, ante US$ 480,9 milhões no período anterior. Como o nível de importações foi maior, o Brasil apresenta déficit de US$ 488,9 milhões em relação à outra nação.

Esse déficit está ligado aos tipos das mercadorias transacionadas: do total exportado pelo País à França no ano passado, equivalente a US$ 4,1 bilhões, 70,1% foram "produtos básicos" - em que se inclui o agronegócio. Na via contrária, os franceses embarcaram ao Brasil US$ 5,9 bilhões em, principalmente, "faturados" - helicópteros e suas peças são os dois principais itens dessa relação comercial, ocupando 7,9% dos embarques de 2012.

Em relação à União Europeia, a balança comercial do agronegócio brasileiro - cuja maioria é composta por "produtos básicos" - apresenta um superávit de cerca de US$ 20 bilhões. No ano passado, as atividades agrícolas, pecuárias e florestais geraram US$ 22,4 bilhões ao País, com a exportação de 27,1 milhões de toneladas em mercadorias - um decréscimo, contudo, de 5,8% em relação ao ano anterior.

Já as exportações totais do setor perderam ritmo e encerraram o ano com alta de 1%: embarques de US$ 95,8 bilhões.



Veículo: DCI


Veja também

Indústria reage e cresce 2,5% em janeiro

É o melhor resultado desde março de 2010, mas economistas ainda estão cautelososA indústria ...

Veja mais
Alimento e bebida respondem por 58% do IPCA em fevereiro

O grupo Alimentação e Bebidas desacelerou o ritmo de alta de preços, passando de uma variaç&...

Veja mais
Governo já prefere que alta de juros seja em 2013

Avaliação, entretanto, é de taxa estável em abrilO Banco Central vai subir a taxa de juros n...

Veja mais
Inflação chega ao teto neste mês, diz FGV

Estudo inédito mostra que IPCA em 12 meses vai cravar em março os 6,5%, banda superior da meta para o indi...

Veja mais
Estímulos para economia podem ser antecipados

Técnicos do governo se mostram impacientes com a falta de reação ao pibinho e medidas que sairiam n...

Veja mais
Copom mantém juros em 7,25% ao ano

Taxa básica é mantida pela terceira reunião seguida, em cenário de baixo crescimento e aumen...

Veja mais
Novo perfil demográfico vai impactar salários e benefícios

A população brasileira já se encontra no nível de passagem entre uma população...

Veja mais
Para conter inflação, governo reduzirá impostos sobre preços administrados

O governo vai usar a redução de impostos sobre alguns preços administrados para conter a infla&cced...

Veja mais
Petrobras volta a aumentar preço do diesel

Alta nas refinarias é de 5% a partir de hoje; no fim de janeiro, empresa estatal havia reajustado produto em 5,4%...

Veja mais