O setor produtivo de Santa Catarina busca parcerias com empresas de genética animal da França para desenvolver o rebanho bovino da raça charolês, típica da Região Sul e da qual o estado lidera a produção. Franceses, por sua vez, estão interessados na produção gaúcha de vinhos, em que podem atuar pela melhoria da qualidade da bebida nacional.
A relação comercial do Brasil com o país europeu movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano, e o consulado francês tem realizado missões em cinco estados brasileiros para levantar possibilidades de negócio, inclusive no setor rural - "em que há grandes negócios já muito desenvolvidos".
O cônsul econômico francês, Stéphane Mousset, cita a trading Louis Dreyfus Commodities como um desses casos. "Nos grandes assuntos, não podemos fazer coisas novas", ele disse. No entanto, há potenciais parcerias na pecuária catarinense e na vinicultura do Rio Grande do Sul.
Acordos comerciais com empresas que forneçam material genético, com transferência de tecnologia ao País, para a expansão do gado de origem francesa em Santa Catarina, são uma "via concreta" de negócio, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
"O sul já foi um grande mercado de charolês. Fizemos um apelo para importar embriões e desenvolvê-lo novamente", contou ele. "Santa Catarina não produz carne de boi suficiente para seu próprio consumo - somos importadores -, então queremos ampliar o rebanho para que no futuro possamos até exportar", acrescentou. Pedrozo recebeu o consulado francês nesta semana.
Mousset, de sua parte, garante que é hora de "desenvolver o gado catarinense com tecnologia francesa". Radicado em São Paulo, o cônsul tem andado em missões comerciais pelos três estados do sul e por Mato Grosso.
De acordo com ele, há interesse de empresas francesas em desenvolver o vinho que é produzido no Rio Grande do Sul. "Já houve cooperações assim, com bons resultados, na Argentina. A experiência pode ser repetida no Brasil", afirmou.
Balança pende para a França
As exportações brasileiras à França cresceram 12,4% no início deste ano, em comparação com janeiro e fevereiro de 2012. Nos últimos dois meses, o País embarcou US$ 540,6 milhões aos franceses, ante US$ 480,9 milhões no período anterior. Como o nível de importações foi maior, o Brasil apresenta déficit de US$ 488,9 milhões em relação à outra nação.
Esse déficit está ligado aos tipos das mercadorias transacionadas: do total exportado pelo País à França no ano passado, equivalente a US$ 4,1 bilhões, 70,1% foram "produtos básicos" - em que se inclui o agronegócio. Na via contrária, os franceses embarcaram ao Brasil US$ 5,9 bilhões em, principalmente, "faturados" - helicópteros e suas peças são os dois principais itens dessa relação comercial, ocupando 7,9% dos embarques de 2012.
Em relação à União Europeia, a balança comercial do agronegócio brasileiro - cuja maioria é composta por "produtos básicos" - apresenta um superávit de cerca de US$ 20 bilhões. No ano passado, as atividades agrícolas, pecuárias e florestais geraram US$ 22,4 bilhões ao País, com a exportação de 27,1 milhões de toneladas em mercadorias - um decréscimo, contudo, de 5,8% em relação ao ano anterior.
Já as exportações totais do setor perderam ritmo e encerraram o ano com alta de 1%: embarques de US$ 95,8 bilhões.
Veículo: DCI