Alta nas refinarias é de 5% a partir de hoje; no fim de janeiro, empresa estatal havia reajustado produto em 5,4%
Estimativa é que diesel fique 3% mais caro para o consumidor e haverá impacto nos preços de agricultura e transporte
Como forma de aliviar as perdas com importação de combustíveis, a Petrobras anunciou ontem novo aumento no preço do diesel nas refinarias, de 5%.
Há pouco mais de um mês o valor do combustível foi reajustado em 5,4% -a gasolina na ocasião ficou 6,6% mais cara para as refinarias.
O lucro da Petrobras caiu 36% em 2012, o pior resultado desde 2004 e que teve como reflexo a defasagem de preços dos combustíveis no mercado interno em relação ao internacional.
A estimativa é que o diesel suba 3% nas bombas, diz o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura). O novo preço vigora desde a 0h de hoje e já deve começar a ser repassado.
O aumento tem efeito nos custos do transporte de cargas, de passageiros e na agricultura -o diesel é um dos principais insumos do setor. Além disso, há termelétricas que utilizam o combustível.
O segundo reajuste do diesel em 2013 deverá ter impacto de 0,18 ponto percentual neste ano no índice oficial de inflação, o IPCA.
O cálculo, que considera o custo maior do transporte rodoviário de carga e de passageiros, é do especialista em logística e diretor do Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain), Maurício Lima.
Segundo ele, só o transporte rodoviário de carga terá custo adicional de R$ 4,5 bilhões. "Esse custo terá de ser repassado pelos transportadores aos donos das cargas."
A Petrobras disse em nota que "busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo".
"Foi uma medida correta para reduzir os prejuízos da companhia. O diesel seria o grande vilão da Petrobras em 2013", diz Adriano Pires, do CBIE. Com esse aumento, a defasagem do combustível ficará menor, passando dos atuais 19% para 14%, estima.
O presidente-executivo do sindicato das distribuidoras (Sindicom), Alísio Vaz, afirmou que a decisão pegou o mercado de surpresa.
"A expectativa era que o aumento viesse apenas no segundo semestre", disse.
Com a sequência de reajustes, o setor de transportes de carga enfrenta problemas para o repasse desses custos. Segundo Marcelo Pardal, gerente da transportadora TFR, a empresa ainda tenta concluir as negociações para o repasse do primeiro aumento.
"Não sei quando vamos conseguir negociar o novo aumento, mas não há outra opção", diz Pardal.
Veículo: Folha de S.Paulo