Coeficiente de penetração das importações, que mede a participação de produtos manufaturados importados no consumo local, chegou a 21,6%
A indústria brasileira sofreu uma maior concorrência dos importados no mercado doméstico em 2012. A conclusão é da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mediu o grau de abertura comercial do País.
O coeficiente de penetração das importações, que mede a participação de produtos manufaturados importados no consumo doméstico, atingiu 21,6%, recorde histórico. Também foi a maior da história a participação de insumos importados usados na produção: 23,2%.
O coeficiente de exportação, que corresponde à parcela da produção industrial que é vendida no mercado internacional, fechou 2012 em 20,6%. Embora tenha apresentado uma recuperação, já que desde 2007 o indicador não superava a marca de 20%, ainda está longe do recorde de 2004, quando fechou em 22,9%. Segundo a CNI, a desvalorização cambial ocorrida no início do ano passado e as desonerações tributárias para vários setores da indústria deram suporte aos maiores ganhos com exportações, auxiliando no crescimento desse indicador.
Porém, as compras de mercadorias no exterior ainda seguiram em vantagem, segundo avaliou o gerente executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. "O Brasil possui uma ineficiência sistêmica que precisa ser combatida, como tributação dos investimentos, uma carga tributária elevada e complexa, custos trabalhistas altos e uma educação básica ruim. São fatores que reduzem a competitividade, levando à perda de mercados."
O economista da CNI Marcelo Azevedo disse que o aumento dos importados representa não apenas um sintoma da perda de competitividade do produto nacional como dificulta a recuperação da atividade industrial brasileira. "Na medida em que parte do aumento da demanda interna vem sendo atendida por
importados, vai ser preciso ampliar esta demanda para reativar a produção, que reage lentamente."
O coeficiente de exportações líquidas, que é a diferença entre o ganho com as exportações e o custo com as importações, ficou em 6,1%, bem abaixo do nível máximo da série histórica registrado em 2005, de 11,8%.
O coeficiente positivo indica que o faturamento com as vendas externas ainda compensa o custo com as importações.
Mais gastos. Em nove setores, o aumento dos gastos com importados é maior do que o resultado das vendas para o exterior. Entre eles, estão: informática, eletroeletrônicos e ópticos, derivados de petróleo e biocombustíveis e químicos.
Fonseca avaliou que o Brasil está perdendo competitividade no mercado interno em relação aos produtos de outros países, como os asiáticos. Segundo ele, as importações cresceram mais no ano passado do que o efeito da desvalorização cambial, mostrando uma perda de mercado efetiva dos produtos nacionais
industriais no consumo.
O desempenho foi ruim também no front externo. As exportações não conseguiram conquistar mercados tanto quanto aumentou a entrada de importados no País: "Estamos perdendo mercado na América Latina e nos EUA para os asiáticos."
Veículo: O Estado de S.Paulo