Cesta básica cai pouco e alimentos sobem em SP

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Apesar de diversos alimentos da cesta básica terem sido desonerados no início do mês, os preços do grupo alimentação encerraram março ainda mais caros do que em fevereiro e foram o principal fator de alta no Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe), que considera a inflação na cidade de São Paulo. Os alimentos saíram de alta de 0,34% em fevereiro para 0,77% em março. Ainda assim, garantido pela queda de 10,95% nas tarifas de energia elétrica no período, o IPC-Fipe encerrou o mês com deflação de 0,17%, ante alta de 0,22% no mês anterior.

"Esperávamos uma queda mais acentuada, de 0,20%, mas os alimentos, principalmente os in natura, subiram mais do que imaginávamos", disse Rafael Costa Lima, coordenador do IPC-Fipe. Os produtos in natura, subgrupo que considera frutas, legumes e verduras, se consolidou como o principal foco de alta entre os alimentos no mês: prejudicados pelas chuvas, ficaram 4,36% mais caros, ante alta de 1,5% em fevereiro.

Já livres de impostos, os in natura não fizeram parte do pacote de desonerações que o governou concedeu à cesta básica a partir de 8 de março. Café, óleo, manteiga, açúcar e carnes, além de papel higiênico, pasta de dente e sabonete foram os produtos que pagavam até 12,5% de PIS-Cofins e tiveram o imposto zerado com a medida. Açúcar e sabonete ainda ficaram livres da cobrança de 5% de IPI.

A redução dos impostos, no entanto, chegou em muito menor proporção ao consumidor: o conjunto destes produtos, segundo a Fipe, ficou apenas 1,44% mais barato desde que as desonerações passaram a valer, e muito pouco impacto tiveram no IPC de março. A cesta chegou, inclusive, a encarecer ao longo do mês: logo depois do anúncio, ela chegou a custar R$ 86,29, mas desde então já subiu para os atuais R$ 87,49. É apenas R$ 1,28 a menos do que no início do mês, quando, ainda antes de ser desonerada, custava R$ 88,77.

"Esperávamos uma queda maior, mas isso deve agora se acentuar em abril", disse Lima. Já contando com este impacto, somado a produtos in natura mais ajustados, a Fipe prevê um IPC a 0,33% no próximo mês. A alta em relação a março será puxada pelo fim dos efeitos da redução em energia elétrica no índice. Alimentos devem desacelerar para 0,38%.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse, ontem, em Brasília, que o primeiro impacto da desoneração de PIS-Cofins sobre a cesta básica já foi sentido e que agora um impacto secundário deve se propagar no restante do ano. "Com a própria redução da carga, a competição entre os supermercados, as empresas vão incorporando isso nos seus preços. Eu acho que grande parte do impacto já foi sentida, mas ainda há um impacto menor que vai se propagar o ano todo", afirmou Barbosa após participar de audiência pública no Congresso sobre a unificação da alíquota interestadual do ICMS.

Em março, puxado por energia, o grupo habitação foi o que teve maior queda no mês, com deflação de 1,05%, ante queda de 0,21% em fevereiro. Foi seguido por despesas pessoais, que com ajuda das deflações em turismo, caiu 1,02% (ante -0,10% em fevereiro). Além de alimentação, o único grupo que também teve aceleração da inflação de fevereiro para março foi vestuário, de 0,36% para 0,44%; todos os demais desaceleraram: transportes foi de 0,84% para 0,28%, saúde de 0,58% para 0,25% e educação de 0,27% para 0,13%.

Nelson Barbosa reafirmou ontem que após a conclusão da discussão sobre o ICMS, o governo pretende enviar, ainda neste ano, um projeto para o Legislativo para reformar a cobrança de Pis/Cofins. "A nossa intenção, se tivermos sucesso nessa questão do ICMS, é mandar uma reforma de Pis/Cofins para ser discutida pelo Congresso ao longo do segundo semestre e entrar em vigor em janeiro", declarou.


Veículo: Valor Econômico


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