Um novo pacote de ajuda à economia será lançado ainda no início de janeiro pelo governo federal. O recado foi dado pelo próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no programa semanal de rádio "Café com o Presidente" , transmitido ontem. "Até o dia 20 de janeiro nós deveremos apresentar outras propostas de incentivo ao crescimento econômico", afirmou o Presidente. Lula relembrou no programa medidas que já foram adotadas para conter os efeitos da crise financeira internacional.
Lula destacou que a crise internacional é a mais forte de toda a história depois da industrialização, mas ressaltou que "o fato concreto é que o Brasil é o país que está mais preparado". O presidente destacou que o Brasil tem reservas em moeda estrangeira - cerca de US$ 200 bilhões - e um mercado interno forte, o que permite que a economia interna continue girando, mesmo com retrações no cenário internacional. Lula, que na semana passada criticou o anúncio do Banco Central de que o PIB brasileiro irá crescer somente 3,2% no próximo ano.
O cenário de crise, inclusive, é citado por Lula como momento de mudanças. "Eu estou convencido de que o Brasil deve olhar a crise como uma oportunidade para a gente fazer as coisas que ainda não fizemos, para que a gente possa mostrar que o dinamismo do mercado interno é que vai permitir que a nossa economia continue crescendo", disse. E uma novidade já está a caminho: na última semana o governo conseguiu aprovar a criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB), com aporte de R$ 14,2 bilhões - 0,5% do Produto Interno Bruto -, dinheiro que será obtido com a emissão de títulos da dívida pública mobiliária federal. A Lei 11.887, que cria o fundo, foi sancionada na semana passada, mas não permitia a abertura de crédito extraordinário para o Fundo no Orçamento do União em 2009. Para solucionar o impasse, uma nova Medida Provisória foi editar para permitir que os recursos sejam obtidos a partir de emissão de títulos públicos.
Apesar da crise internacional e de seus reflexos no Brasil, Lula não considera que 2008 tenha sido um ano ruim. "Eu acredito que foi um ano bom para o Brasil, um ano bom para o brasileiro, porque o Brasil cresceu, economicamente, fortemente. Não vou dizer ótimo, mas um ano bom", declarou. Lula destacou a geração de quase 2,2 milhões de empregos até outubro, além de ganhos na distribuição de renda e crescimento do comércio.
Em um segundo momento do programa de rádio, Lula falou sobre o apoio do governo federal à Santa Catarina, mas logo voltou a dar o recado de que é preciso esforço conjunto para que o Brasil continue crescendo, referindo-se não apenas a 2009, mas também ao futuro um pouco mais distante. "Precisamos começar o ano de cabeça erguida, com muita esperança, com muita fé, com muita disposição, porque o que o Brasil será em 2010 vai depender do que a gente tenha capacidade de fazer em 2009", disse o presidente, em frase alinhada a recentes declarações do ministro da Fazenda. Guido Mantega afirmou no começo do mês que o PIB brasileiro crescerá 4% no próximo ano, percentual mais elevado que perspectivas de mercado e de organismos internacionais. O ministro explicou que um PIB de 4% em 2009 não é uma projeção econômica, mas uma meta a ser conquistada.. Lula reforçou este ponto em suas declarações.
Veículo: Gazeta Mercantil