Consumo nos emergentes sinaliza perda de fôlego

Leia em 2min 10s

Os gastos com consumo privado nos mercados emergentes apresentaram uma diminuição de ritmo nos primeiros meses de 2013, num cenário em que a economia global carece de forte fonte de crescimento da demanda.

Depois de resultado frágil no fim de 2012, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) global melhorou ligeiramente entre janeiro e março. Mas o consenso é de que o crescimento de 2,9% no fim de março, em base anualizada, está longe de ser espetacular.

A expectativa entre boa parte de analistas é de que a atividade economica poderá baixar no segundo trimestre, diante da dimensão da recessão na zona do euro e da desaceleração nos emergentes.

Alta dos salários, baixo desemprego e juros pequenos ajudaram emergentes a evitar impacto maior da crise global. Conforme levantamento da Capital Economics, de Londres, vendas do varejo nos emergentes cresceram em média 8,8% do PIB em 2008-2012, comparadas a apenas 0,9% nos Estados Unidos, na zona do euro e no Japão.

Já neste ano, o aumento das vendas nos emergentes baixou para 6,5% em março, em base anualizada, no menor ritmo desde setembro de 2009. As famílias acumularam dívidas demais e a expectativa de taxas anteriores de crescimento de consumo parece improvável.

A maior desaceleração no consumo neste ano ocorreu na América Latina, prosseguiu no Leste Europeu e baixou de intensidade também na Ásia.

Em todo caso, o consumo segue se beneficiando de dinheiro barato na maioria dos emergentes. Os salários continuaram sendo reajustados, em 2,7% na média nos 17 maiores emergentes, mas abaixo dos 3,4% da média dos últimos três anos.

Na América Latina, a contribuição do consumo privado para o crescimento na região tem aumentado desde o terceiro trimestre de 2010. Sem recuperação significativa da exportações neste ano, a expansão do PIB continuará a depender do consumo privado - mas provavelmente não no mesmo ritmo verificado em anos anteriores.

Assim, a percepção que cresce é de que a política dos bancos centrais de alimentar a demanda doméstica, para compensar a baixa demanda das economias desenvolvidas, está atingindo seu limite em vários países.

Especialmente na América Latina, o endividamento aumentou bastante. Na Rússia, a expansão do crédito para as famílias cresceu 42% em um ano, até março, ritmo considerado insustentável.

Na Indonésia e na Malásia, a relação dívida das famílias/PIB aumentou em quatro anos mais de 20%; na China, 13%. Na Coreia do Sul, o débito das famílias é equivalente a 136% da renda disponível.

"Suspeitamos que o espaço limitado para famílias terem mais dívida em vários países evitará um forte consumo de novo nos emergentes, mas um colapso também é improvável", diz Daniel Martin, analista de Capital Economics.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Inflação pesa nos custos e reduz lucro no trimestre

A safra de balanços do começo do ano deixou claro por que a inflação tem tirado o sono dos e...

Veja mais
Economia brasileira piora, dizem especialistas

Especialistas estão céticos e críticos com a condução econômica de Dilma Rousse...

Veja mais
Consumo fraco tira R$ 27 bilhões da economia

O arrefecimento do consumo das famílias, já sinalizado pela desaceleração das vendas do com&...

Veja mais
Estímulo ao setor produtivo pode sustentar o Brasil

Pesquisa destaca problemas gerados pelo alto custo de investimentos.Diante de números preocupantes como um cresci...

Veja mais
Preços do comércio exterior têm maior desvalorização em 13 anos

Crise global e esfriamento da China desvalorizam exportações, mas valor de importados não caiPiora ...

Veja mais
Uso do cheque no País diminui ano a ano

O aposentado Valterio Almeida de Jesus, morador de Santo André, como consumidor antigo, conhece bem todos os meio...

Veja mais
Preço de alimento cai no varejo e deve aliviar inflação em maio

Depois de cinco meses seguidos de queda no atacado, os preços dos alimentos começam a cair também n...

Veja mais
Produção chinesa provoca um tsunami nos preços mundiais

O aumento da produção de aço na China e uma enxurrada de exportações de produtos side...

Veja mais
Expansão de 1,05% registrada pelo BC no 1º tri deve arrefecer

Entre altos e baixos, a economia brasileira acelerou seu ritmo de crescimento no primeiro trimestre em comparaç&a...

Veja mais