Preço de alimento cai no varejo e deve aliviar inflação em maio

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Depois de cinco meses seguidos de queda no atacado, os preços dos alimentos começam a cair também no varejo e apontam para um alívio à inflação em maio. O IPC-S, índice de preço ao consumidor semanal da Fundação Getulio Vargas (FGV) chegou à segunda semana de maio em 0,38%, depois de fechar abril em 0,52% e março em 0,72%. A desaceleração foi puxada principalmente pelo grupo alimentação, que saiu de 0,68% na primeira semana do mês para 0,51% na segunda. Em abril, o grupo havia subido 0,98%.

"Itens que já vinham tendo deflação no atacado começam agora a aparecer no varejo também. É um processo que chega ao consumidor com uma certa defasagem", explicou Paulo Picchetti, coordenador do IPC na FGV. No IPA, indicador da FGV que mede os preços dos produtos no atacado, os itens agrícolas tiveram em maio deflação de 2,80%, quinta redução seguida no ano, enquanto, no IPC, essa queda estava resistindo em aparecer e o grupo alimentação seguia subindo e figurando como o principal motor da inflação alta.

É o caso do grupo de hortaliças e legumes, que, liderado pelo tomate, era um dos que mais pressionavam e agora já aparece em queda no IPC-S: 2,11% no levantamento da segunda quadrissemana de maio, ante alta de 0,70% na semana anterior. Com queda de 15,42%, o tomate saiu da liderança da lista de maiores altas do IPC-S para figurar como a principal influência de retração agora.

Enquanto a inflação do grupo alimentação perde fôlego ao consumidor, os dados do Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) mostraram que os preços dos alimentos processados no atacado pararam de cair, o que pode dar fim aos sinais negativos nos IGPs. O forte recuo das matérias-primas agropecuárias, contudo, foi determinante para a deflação do indicador em maio (-0,09%).

Os alimentos processados saíram de queda de 0,56% em abril para alta de 0,15% em maio. A menor intensidade de deflação da soja, no período (de -5,56% para -0,40%) influenciou o resultado, bem como queda mais fraca no preço do arroz (de -5,76% para -0,30%), e aceleração de preço em leite in natura (de 2,67% para 3,66%). Isso, na prática, pode sinalizar retorno de aumentos nos preços dos alimentos no varejo - visto que indicações de inflação futura mais forte no grupo alimentação costumam aparecer primeiro no atacado.

Tendo isso em vista, Salomão Quadros, superintendente adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), preferiu não arriscar previsões sobre a continuidade da deflação na família dos IGPs. Ele admitiu que o IGP-10 de maio foi o segundo indicador desse tipo a mostrar queda - o primeiro foi o IGP-DI de abril, divulgado na semana passada, com recuo de 0,06%. Se isso vai continuar, é uma incógnita. "Mesmo com os alimentos in natura em queda agora, se a soja, por exemplo, começar a subir muito no atacado, isso muda o índice todo", afirmou, lembrando que o grão é o que tem maior peso na inflação do atacado. "Além disso, a variação dos preços dos in natura é muito volátil, e pode mudar rapidamente", disse. "Não me arrisco a prever sobre novas deflações nos IGPs."

Em maio, o aprofundamento da deflação nas matérias-primas agropecuárias no atacado (de -2,65% em abril para -3,26%) levou ao recuo de 0,09% no IGP-10 deste mês, segundo Quadros. O impacto foi tão grande que derrubou a variação de preços atacadistas no índice de maio (-0,39%). O atacado representa 60% do total dos Índices Gerais de Preços (IGPs), frisou o especialista.

Um dos fatores que contribuíram para essa queda foi o comportamento dos preços dos alimentos in natura, que mostraram recuo de 0,37% em maio, diante de alta de 7,46% em abril. Esses itens subiram muito de preço no começo do ano, devido à queda da oferta decorrente de problemas climáticos. Agora, com regularização da oferta, os preços começam a cair novamente, afirmou Quadros.

Os alimentos in natura também ficaram mais baratos no varejo. No IGP-10 de maio, os preços das hortaliças e legumes caíram 0,89%, ante expansão de 11,10% em abril. Já a alta das frutas desacelerou de 5,44% para 3% entre abril e maio, observou o técnico. "O destaque absoluto ficou com o tomate, cujos preços caíram 14,70% [no IGP-10 de maio], após subirem 15,77% em abril", afirmou.



Veículo: Valor Econômico


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