A atividade medida pelo IBC-BR teve maior alta desde o 1º trimestre de 2011
Previsões de analistas são divergentes; crise externa é considerada entrave, mas reação parece ter se expandido
O crescimento da economia brasileira ganhou força no primeiro trimestre deste ano, mas o ritmo da atividade menor do que o esperado em março reforça as projeções mais moderadas de expansão em 2013.
A atividade medida pelo índice IBC-BR (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) cresceu 1,05% entre janeiro e março com relação ao último trimestre de 2012, impulsionada principalmente pelo bom desempenho do setor agrícola e por uma recuperação dos investimentos.
Foi a alta mais forte desde o primeiro trimestre de 2011.
Em março, o crescimento foi de 0,72% em comparação com fevereiro (descontados efeitos sazonais). O resultado ficou abaixo do esperado por economistas, que apostavam em alta próxima a 0,85%.
Embora o desvio em relação à expectativa não tenha sido grande, representa mais uma frustração em relação ao ritmo de atividade. O crescimento de 0,7% da produção industrial em março ante fevereiro também havia ficado abaixo das estimativas.
O desempenho fraco, apesar de uma modesta melhora, do setor manufatureiro ainda é considerado o principal entrave a uma expansão mais robusta da economia.
RECUPERAÇÃO MODESTA
Embora o resultado esperado para o PIB em 2013 represente aceleração frente ao crescimento de apenas 0,9% em 2012, a recuperação é considerada moderada.
"Não é nada espetacular, mas não é ruim como vinha sendo desde 2011", afirmou Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra.
O ritmo lento da retomada somado ao cenário externo ruim, com a recessão europeia e a forte desaceleração da Argentina, motivou uma nova rodada de revisões para baixo nas expectativas de crescimento em 2013.
No início de dezembro passado, em média, analistas projetavam expansão de 3,5% em 2013 e agora apostam em 3%. Os mais otimistas esperam que os investimentos, que parecem ter registrado expansão firme no primeiro trimestre, perdurarão.
OTIMISMO
Essa é a aposta da LCA Consultores, que resolveu manter sua projeção de crescimento de 3,5% do PIB em 2013. A consultoria ressalta que a recuperação do investimento ocorreu em diversos setores, o que é positivo.
Outras instituições veem o bom resultado do investimento no primeiro trimestre com maior cautela, principalmente em consequência da persistente baixa confiança dos empresários.
O Itaú Unibanco prevê que o desempenho do investimento não se sustentará no restante do ano. O banco revisou sua projeção de expansão do PIB em 2013 de 3% para 2,8%. Analistas destacam, por exemplo, que a forte alta na produção e ônibus e caminhões tende a perder fôlego.
Veículo: Folha de S.Paulo