Centro-Oeste brasileiro atrai mais recursos, impulsionado pelo agronegócio, principalmente a produção de grãos
O Brasil vive hoje “nova” expansão econômica, alimentada por uma maior difusão dos investimentos entre as regiões do país, avalia o economista Júlio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) confirmam esse movimento, com os desembolsos para Centro-Oeste, Norte e Nordeste crescendo bem mais do que para o Sul e Sudeste.
Neste cenário,destaca-se o desempenho do Centro-Oeste. De acordo como BNDES, nos últimos 12meses, até março último, os desembolsos para a região cresceram102%, chegando a R$ 23,075 bilhões, sem contar outras fontes de recursos, como o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), que no ano passado repassou R$ 5,9 bilhões para a região e mais R$ 1,8 bilhão só no primeiro trimestre deste ano. “A economia do Centro-Oeste vai muito bem, puxada pelo agronegócio, principalmente a produção de grãos, como soja e milho”, diz Marcelo Dourado, da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).
Obras de infraestrutura e relacionadas à Copa do Mundo também têm colaborado para a difusão dos recursos no país. Júlio Gomes diz que o importante é o Brasil estar distribuindo regionalmente os investimentos. “Isto fortalece as regiões e melhora a infraestrutura, a produção e a produtividade industrial”, diz.
O alto custo para se manter uma empresa nos grandes centros consumidores é outro fator que favorece a migração dos investimentos.“ Na verdade, o custo de investir em qualquer setor do Sul e Sudeste é muito alto e as empresas acabam indo para onde o gasto é menor,onde a mão de obra é mais barata”, acrescenta.
No caso de Norte e Nordeste, os aumentos nos financiamentos foram uma resposta à grande quantidade de projetos desenvolvidos nas regiões, segundo o coordenador de Estudos Regionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Guilherme Resende. “Além do aparato social, de transferência de renda, houve aumento de incentivos no setor produtivo”, explica.
O chefe do escritório do BNDES no Nordeste, Paulo Guimarães, pontua que entre 2008 e 2012 a participação da região nos desembolsos do banco subiu de 8%para13%, enquanto que no Sudeste caiu de 57% para 46%. “A motivação maior é a presença de grandes investimentos, embora tenha ocorrido também pulverização de crédito entre pequenas e médias empresas.”
O coordenador do Ipea, alerta, porém, que apesar de os recursos estarem crescendo, há mais desigualdade dentro das próprias regiões, especialmente Norte e Nordeste. “Uma tendência é que os Produtos Internos Brutos (PIBs) per capita estaduais convirjam, enquanto que os dos municípios apresentem uma dispersão, uma disparidade crescente, que pode ser pela concentração de investimentos.” Por exemplo, a fábrica da Fiat em Goiana (PE) impulsionou o desenvolvimento do município, diferenciando-o dos que não tiveram a mesma sorte.
Veículo: Brasil Econômico