Venda direta crescerá mais de 10% e concorrência aumenta

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O varejo tradicional parece ter descoberto o mercado brasileiro de vendas diretas, setor este que deve vivenciar resultado melhor em 2013, após um início lento neste primeiro trimestre. Com novos nomes como Marisa, Polishop e a peruana Belcorp em uma área amplamente dominada por Avon, Natura, Amway e Herbalife, entre outras, empresas de diferentes canais descobriram a potencialidade do segmento. Assim, a perspectiva é que o setor mantenha crescimento de dois dígitos este ano, até pela concorrência mais acentuada.

Assim, o mercado deve vivenciar novo cenário, após crescimento relativamente fraco nos últimos três anos. A tendência é de que os próximos meses o segmento apresente melhor desempenho, já que, segundo especialistas estimam que o setor tenha crescido 10% no ano passado, em comparação a 2011 - quando a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd) apontou incremento de apenas 5,4% ante o ano de 2010. Caso a previsão se confirme, o volume de negócios do setor em 2012 deve girar em torno de R$ 30 bilhões.

De acordo com Marcelo Pinheiro, sócio-diretor da DirectBiz Consultants, consultoria especializada na venda direta, o segmento está voltando a crescer após períodos conturbados, como o de 2010 e 2011. "Esse número relativamente menor foi afetado por problemas como os na Avon e Natura, no ano de 2011. Por essas empresas terem participação muito significativa, a sensação é de que o mercado perdeu força [no passado]."

O desempenho abaixo do esperado no primeiro trimestre também foi afetado pela conjuntura econômica, além do feriado de Carnaval, cuja antecipação estendeu o período de férias. "Quando há aumento na inflação, e quando a ênfase nesse aumento é muito grande, há retração de investimentos no Brasil. Então empresários e consumidores acabam investindo menos no País", comenta Pinheiro.

Ele ainda argumenta que as empresas menores conseguiram aproveitar o momento mais fraco das grandes marcas nos anos passados, sobretudo as de origem estrangeira. "A última entrada de uma empresa grande no País, neste setor, foi a da empresa peruana Belcorp. Outros produtos e serviços virão para o Brasil ainda num ritmo forte, mas o movimento futuro é das médias empresas internacionais".

O sócio-diretor da DirectBiz ainda ressalta o potencial das vendas diretas no Brasil. "Ainda há muito espaço para crescer, principalmente porque há alguns anos tudo era muito segmentado. Hoje, várias empresas do varejo já têm sucesso nos dois segmentos, como Marisa e Polishop. Empresas de outros canais descobriram a potencialidade da venda direta, e isso permite dizer que o mercado ainda tem muito espaço para crescer."

Para a diretora-executiva da Abevd, Roberta Kuruvo, 2013 deve ser um ano melhor, ainda que não seja exemplar. "A expectativa é mais positiva, até por causa das novas categorias, que estamos acompanhando bem de perto. Os anos de 2011 e 2012 não foram anos tão pujantes. Não deve ser tão melhor, mas superará os outros anos", estima ela.

A entrada de novos players é responsável em parte pela melhora do cenário das vendas diretas. "Há bastante iniciativa de empresas novas nessa área, o que faz o mercado continuar aquecido. Esse movimento de novas empresas, e até de multinacionais, acaba aquecendo o canal", comenta Roberta Kuruvo.

Um exemplo entre os players que aproveitaram a melhora no segmento para iniciar as atividades no ramo é a rede varejista Marisa. A marca anunciou neste ano um projeto de implementação de venda direta. Inicialmente instalado nos estados de Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Tocantins, São Paulo e no Distrito Federal, a expectativa é contar com mais de 10 mil consultoras até o fim de 2013.

Em nota, o chefe de venda direta da Marisa, Marcel Szajubok, afirma encontrar nesta área uma nova maneira de expandir os negócios da marca. "A expectativa da Marisa é alcançar, em cinco anos, um faturamento de, aproximadamente, R$ 500 milhões."

Líderes

Para as empresas líderes no setor, o primeiro trimestre deste ano se mostrou melhor do que o mesmo período de 2012. A Avon, considerada hoje como a segunda maior empresa do setor de venda direta, teve um crescimento de 11% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A marca conta com mais de 1,5 milhão de revendedoras no Brasil, tendo observado um aumento de 4% nesse quesito, em relação ao primeiro trimestre de 2012.

Quinta maior empresa do segmento de vendas diretas no mundo e a maior brasileira, a Natura também apresentou melhora no primeiro trimestre perante 2012. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a empresa alcançou a receita líquida consolidada de R$ 1,35 milhão, um aumento de 7%.



Veículo: DCI


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