Preços do comércio exterior têm maior desvalorização em 13 anos

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Crise global e esfriamento da China desvalorizam exportações, mas valor de importados não cai

Piora nos termos de troca (relação entre valores do que é vendido e comprado pelo país) é a maior em 13 anos

Depois de um período de rara bonança, os preços dos produtos do comércio exterior do Brasil acumulam a variação mais desfavorável desde o final da década de 90.

Com a freada da economia mundial, produtos que encabeçam a pauta de exportações brasileira se desvalorizaram a partir do ano retrasado; de lá para cá, porém, as mercadorias importadas não ficaram mais baratas.

Dados coletados pela Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior) apontam que, em 12 meses encerrados em março, houve piora de 4,5% nos termos de troca -a relação entre os valores do que é vendido e do que é comprado pelo país.

A deterioração contabilizada desde 2012 é a mais aguda em 13 anos, ou seja, desde quando a crise dos países do Leste Asiático fez desabarem os preços dos produtos primários agrícolas e minerais.

Não se trata de uma catástrofe: os preços do comércio internacional permanecem em um dos patamares mais favoráveis da história.

O Brasil, no entanto, perdeu um dos principais motores dos últimos anos.

De 2004 a 2011, os preços das exportações brasileiras tiveram alta de 150%, taxa inédita desde o "milagre econômico" dos anos 70. Não por acaso, foi também a era de maior expansão da renda nacional desde que a crise da dívida externa deu início à "década perdida" de 80.

O ciclo de prosperidade foi impulsionado pela China, que multiplicou a demanda por commodities, como são chamados os produtos básicos, fundamentais na pauta brasileira de exportações.

Os preços das vendas externas atingiram seu pico em agosto de 2011, aponta Rodrigo Branco, da Funcex. A queda posterior chegou a 5,5% nos 12 meses até março.

"Há uma queda mais de longo prazo de preços de produtos nos quais o Brasil tem vantagens comparativas", afirma Branco, citando o minério de ferro e a soja, prejudicados pela estagnação dos países ricos e a desaceleração da demanda chinesa. Para Lia Valls Pereira, especialista em comércio exterior da FGV, o cenário não indica mais piora: os preços "pelo menos deixaram de cair."

Diferentemente do que ocorreu no auge da crise, em 2009, a desvalorização das vendas não foi acompanhada de um barateamento semelhante das compras.

Combustíveis, químicos e máquinas sustentaram uma alta de 0,9% nos preços dos importados em 2012. Nos 12 meses encerrados em março, há uma queda de 1,1%.



Veículo: Folha de S.Paulo


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