O cenário econômico e a demanda do consumidor são as principais preocupações dos executivos, à frente de temas como segurança alimentar e marketing. A conclusão é de uma pesquisa sobre as principais preocupações dos empresários feita pela firma de auditoria KPMG ao redor do mundo. Foi o primeiro levantamento com esse perfil que a KPMG fez, e, portanto, não há base de comparação.
A pesquisa foi realizada entre março e abril deste ano, e mostra que os empresários - a maior parte de alto escalão - previam um cenário complicado, inclusive para o Brasil. "Sobreviver é o tema-chave", disse em relatório John Morris, chefe de mercados consumidores da Europa, na KMPG no Reino Unido. "Questões relacionadas com vendas [de produtos] top de linha e rentabilidade estão no topo [das preocupações dos entrevistados]. Questões menos associadas com o direcionamento das vendas estão abaixo na lista de prioridades."
A pesquisa foi realizada por internet e telefone em março e abril de 2013 com 442 executivos de companhias sediadas em 44 países, sendo 14 no Brasil. Entre os entrevistados, 62% ocupam cargos de presidente, diretor de operações ou vice-presidente sênior.
Os temas cenário econômico e demanda do consumidor também vêm dominando as discussões no Brasil durante as últimas semanas, quando a desaceleração em diversos setores tem se mostrado mais evidente. "Não significa cancelar decisão de investimento, mas talvez postergar a decisão. O risco [no momento] existe e é natural, são investimentos relevantes e importantes. É natural que o investidor suspenda e avalie a decisão", diz Paulo Ferezin, diretor líder para o setor de varejo da KPMG no Brasil. Para ele, os fundamentos da economia brasileira e as perspectivas no longo prazo são reconhecidos pelos investidores, que podem retomar os investimentos com planos maiores.
No Brasil, boa parte das empresas enfrenta custos subindo mais do que a receita e dólar encarecendo as dívidas já tomadas.
A inflação medida pelo IPCA desacelerou em junho, mas ficou em 6,7% no acumulado de 12 meses, acima do teto estabelecido pelo governo federal, de 6,5%; as vendas do varejo desaceleraram em junho e as encomendas para os próximos meses estão perdendo fôlego; há um realinhamento de preços para baixo para desovar estoques. A receita do comércio e da indústria foi afetada pelos protestos em ruas e estradas em junho e julho.
"Protesto tem no mundo inteiro e pode indicar amadurecimento da população, apesar de mostrar um risco", diz Ferezin, quando questionado se as manifestações podem afastar os investidores do país.
As empresas estão preocupadas com a demanda, mostra a pesquisa da KPMG. Os executivos foram questionados sobre quais as alternativas para alavancar a rentabilidade do negócio nos próximos dois anos, e 43% responderam que a solução está no crescimento das vendas.
No relatório, a KPMG diz que o futuro da economia global é "ainda incerto" - avaliação embasada pelas "tendências mistas" dos gastos dos consumidores nos últimos trimestres, apesar de a maior parte das regiões pesquisadas apontar para recuperação e crescimento econômico.
Veículo: Valor Econômico