Lojista de BH opta por produto de maior valor agregado

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Em um momento em que a inflação alcança uma variação de 5,87% no acumulado dos últimos 12 meses e a inadimplência chegou a 5,32% no primeiro semestre, na capital mineira, a alternativa dos lojistas é agregar valor e investir em um público de maior poder aquisitivo. Essa tem sido a estratégia de duas redes de moda masculina que, antes mesmo de a economia brasileira dar sinais de esgotamento, já tinham escolhido esse nicho de mercado, com ênfase nos chamados produtos fashion ou "de marca". Nesse contexto de desaceleração, a escolha mostra-se acertada.


Segundo o diretor da Klus Moda Masculina, Salvador Ohana, a expectativa para o Dia dos Pais este ano é de manutenção dos mesmos índices de vendas registrado no ano passado, com possibilidade de algum crescimento, da ordem de 5%. "No ano passado tivemos uma base forte, com incremento entre 5% e 9%", justifica. No entanto, o empresário reconhece certa dificuldade de aquecimento nas vendas, tendo em vista o comprometimento da renda do consumidor com o pagamento de dívidas com casas e automóveis, por exemplo.

"Sobrou pouco para a compra espontânea", avalia Ohana, ressaltando, no entanto, que a rede Klus, que tem nove de suas dez lojas em shoppings, não sofre tanto com esse desaquecimento. "Nós vendemos produtos de marca, que são objetos de desejo", ressalta. Segundo ele, embora o público da Klus seja formado por consumidores das classes AA e AB, que ainda não foram tão afetados com a alta dos preços ou com a inadimplência, a classe C continua a adquirir os seus produtos.

"O desejo não tem classe social", enfatiza Ohana. Apesar de uma certa segurança nesse nicho de mercado, o empresário chama atenção para a necessidade de os lojistas buscarem uma administração mais eficiente nesse segundo semestre. "Em tempo de crise, têm que ser bons gestores, com melhoria de atendimento e de redução de custos". Para ele, "não se trata de receita mágica, mas, sim, de receita lógica: é preciso ter mais controle".


Reação - Nessa perspectiva, ele acredita que a volta do consumidor depende, necessariamente, da prática do "preço real". Apesar de a economia brasileira ainda não dar sinais de recuperação, o empresário trabalha com o otimismo. E justifica. "O Brasil ainda tem muita gordura para queimar, haverá uma Copa do Mundo em 2014", avalia Ohana, para quem "o ar de desânimo é que joga todo mundo no chão".

Na Toulon do Shopping Del Rey, a percepção também é de queda acentuada no fluxo de consumidores. No entanto, o subgerente Marcos Leonardo Santos Silva chama atenção para o fato de que a loja promoveu grande mudança em sua linha, passando a trabalhar mais para as classes A e B do que propriamente para a C, seu público habitual. "Estamos nos modernizando, agregando o valor fashion", pontua.

Em sua avaliação, essa mudança de estratégia pode garantir às lojas Toulon o aumento nas vendas, embora já esteja prevista queda no número de consumidores. "O público tem aceitado um valor maior, pois sabem dos aumentos dos preços de algodão, da linha", observa Silva. Para ele, além do valor agregado da moda, outro fator que pode favorecer a Toulon no Dia dos Pais, e no segundo semestre, é a política de promoções internas. "Estamos achando soluções para o problema", ensina.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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