Alimentos e transportes seguram alta de preços em julho

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A queda nos preços de alimentos e transportes freou a inflação em julho, permitindo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltasse à meta do governo. Com elevação de 0,03% em julho, o indicador acumulou alta de 6,27% em 12 meses, abaixo do limite de 6,5% ao ano, após ter chegado a 6,7% em junho.

Ao comentar o dado, a presidente Dilma Rousseff disse que "a inflação está completamente sob controle". Dilma, que no mês passado previu que a inflação em julho ficaria "muito próxima de zero", queixou-se de que "fizeram todo um estardalhaço de que tínhamos perdido o controle" dos preços e que os índices mostram realidade diversa. Apesar disso, economistas apontam que a variação quase nula em julho é pontual e pressões ainda estruturais, como a inflação de serviços, ainda ditam necessidade de seguir a rota de aumento dos juros iniciada pelo Banco Central (BC) em abril.

Logo após a divulgação dos números do IPCA, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou o resultado como "muito bom". Segundo ele, os dados demonstram que a inflação "sempre esteve sob controle" e que agora "voltou ao normal para o ano". "O IPCA pode aumentar um pouco até o final do ano, é sazonal."

Analistas preveem que em agosto o IPCA volte para perto de 0,30%. "Grande parte dos grupos deve registrar nova rodada de aumento de preços nos próximos meses", diz o economista da Concórdia, Flavio Combat. "Os alimentos são muito favorecidos pela sazonalidade no meio do ano e alguns números apontam que esses preços já chegaram ao fundo do poço", diz Fernando Parmagnani, economista da Rosenberg Associados.

No mês passado, alimentos e bebidas caíram 0,33%, a primeira queda de preços desde julho de 2011. Esse movimento, associado à retração de 0,66% em transportes, após a revogação no aumento das tarifas de transporte público, garantiu a menor variação mensal do IPCA em três anos. "Não teremos resultados baixos como o de julho nos próximos meses, mas podemos dizer que o pior já passou. Mesmo com um reajuste nos combustíveis, o IPCA não deve voltar a estourar o teto da meta", ressalta o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal, que prevê alta de 5,8% para o IPCA em 2013.

"O resultado de julho foi possível mais por razões transitórias do que permanentes", acrescenta Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander. "Não deveria fazer com que a política monetária deixe de ser tão vigilante à inflação quanto o BC veio mostrando em seus últimos comunicados." Tatiana e Leal se mostram preocupados com a inflação de serviços, que acumula em 12 meses mais de 8% de alta. Nos serviços pessoais, a variação chegou a 9,34% nos 12 meses encerrados em julho.

Segundo o IBGE, o dólar mais alto ajudou a impulsionar a inflação de alguns itens e segmentos no IPCA de julho, mas não foi a principal explicação. "Houve aumento de preços mais intenso de artigos de residência [a inflação do setor passou de 0,12% em junho para 0,28% em julho]. Pode ter havido efeito do dólar, mas também tivemos impacto do aumento do IPI nos eletrodomésticos", disse a economista Eulina Nunes, do IBGE.



Veículo: Valor Econômico


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