Talvez tenha sido o melhor resultado do ano. O avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores superou as expectativas de analistas e surpreendeu positivamente o mercado. Bom desempenho veio puxado, essencialmente, pela agropecuária alta de 3,9%, mas já esperado por coincidir com os negócios da safra recorde. Para o resto do ano, porém, não há lá grande esperança de uma retomada robusta da economia, já que grande parte dos indicadores tem apresentado comportamento bem diverso. Por enquanto, quem quiser apostar, não crave mais de 2% de alta do PIB para todo o ano.
Além do setor primário, contribuição relevante veio ainda da indústria de transformação, mas outros componentes, como o consumo das famílias e a construção, deixam alertas significativos. Até poucos trimestres atrás, eram as famílias que sustentavam o PIB.
Agora, não mais. Com o ambiente marcado por incertezas, juro mais alto e renda pouco menor, o freio nos gastos, evidenciado em qualquer pesquisa do varejo, é cada vez mais visível. O juro maior também impactará a construção, quando a taxa dos financiamentos tiver elevação mais substancial. E tem mais: já há sinais de arrefecimento espalhados pela indústria em geral.
Ou seja, há poucas esperanças de uma melhora significativa. Talvez ela só exista mesmo em Brasília. O ministro Guido Mantega acredita que o “fundo do poço foi superado no mundo todo”, apesar da ressalva de que o país terá “crescimento moderado até o final do ano”. Pouco antes, ele havia disparado contra os “oportunistas”, que tinham pintado um quadro pessimista do país. A“nuvem cinza” que já estaria se dissipando, agora. Pena que a maioria veja, com boa dose de razão, um céu muito mais nublado do que um de brigadeiro de Norte a Sul.
Veículo: Zero Hora