A projeção da Anefac para as novas taxas do cartão de crédito prevê 194,23% ao ano e 9,41% ao mês
A elevação da taxa básica de juros (Selic) de 8,5% para 9% ao ano, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), também terá uma influência, ainda que indireta, no bolso do consumidor provocada pelo aumento do custo das operações de crédito. A constatação faz parte do estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
A projeção da Anefac para as novas taxas do cartão de crédito, por exemplo, prevê 194,23% ao ano e 9,41% ao mês. Assim, o uso do cartão, por exemplo, para o valor de R$ 3 mil por 30 dias elevaria o custo do dinheiro de R$ 281,10 para R$ 282,30.
Uma simulação feita pela Associação revelou que, com a Selic de 9%, parcelar em 12 vezes a compra de uma geladeira de R$ 1.500 à vista pode custar ao consumidor R$ 1.933,55. Antes da variação, esse valor a ser pago seria de R$ 1.929,08. A estimativa, com esse aumento, é que a taxa média de juros cobrados ao consumidores atinja 5,52% ao mês e 90,59% ao ano.
O diretor de Economia da Anefac, Roberto Vertamatti, ressalta que o efeito do aumento da Selic demora uns quatro ou cinco meses para influenciar nas taxas de juros na pessoa física. Ele lembra, porém, que as quatro últimas reuniões do Copom decidiram pelo aumento, fazendo com que o consumidor já sinta os efeitos. "Quando a taxa Selic aumenta, o efeito demora uns 4 ou 5 meses para chegar, mas, como esse acréscimo de 0,5% tem sido constante, a tendência é o consumidor enfrentar cada vez mais taxas de juros mais altas", diz.
Empréstimo
Vertamatti também faz um alerta para os problemas que o consumidor possa enfrentar caso procure fazer um empréstimo junto aos bancos. Ele lembra que o aumento da taxa Selic é responsável por pressionar os bancos a aumentarem os juros.
"A diferença na Selic pode ser de apenas 0,5%, mas o custo adicional é grande. No caso de empréstimo, meu conselho é pedir ao consumidor que procure alternativas", diz Vertamatti.
A Anefac mostra que contrair empréstimo de R$ 5 mil, com a nova taxa, deverá obrigar o consumidor a pagar, ao fim de um ano, R$ 6.070,98. Antes, esse valor seria de R$ 6.056,55. Os dados divulgados ontem pelo BC confirmaram que as altas da Selic já têm influenciado no parcelamento das compras e na tomada de empréstimos.
A taxa média de juros com recursos livres - empréstimos concedidos pelos bancos de acordo com as condições de mercado -- subiu pelo segundo mês seguido e chegou a 27,5% em julho, alta de 0,9 ponto percentual em relação a junho.
Como a alta na taxa de média de juros, a concessão de crédito caiu pela segunda vez consecutiva. Em julho, a queda foi de 3,3%, frente um recuo de 3,8% em junho. No total, foram concedidos R$ 294,4 bilhões.
Entenda como a Selic impacta o mercado
A taxa básica de juros (Selic) é usada pelo Banco Central como ferramenta para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação. Uma alteração nesse percentual pressiona os bancos a também mudarem a taxa média de juros, refletindo nas linhas de crédito.
Dessa forma, o consumidor acaba sendo atingido já que essa recente subida dos juros praticados pelo mercado torna mais caro fazer compras parceladas e tomar empréstimos, o que desestimula o consumo.
A autoridade monetária vem reajustando a taxa básica de juros (Selic) com altas consecutivas desde abril. Em março, a taxa era de 7,25%.
Veículo: Diário do Nordeste