Alimento e transporte puxam IPC-S de agosto

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O câmbio é um dos principais riscos para a dinâmica inflacionária atual, mas todos os indicativos para o segundo semestre apontam que as preocupações serão muito mais em relação ao nível de atividade do que ao descontrole de preços, avaliou ontem Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), ao divulgar o indicador medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador deixou deflação de 0,17% na última semana de julho para alta de 0,20% no fechamento de agosto, dentro das projeções de Picchetti.

A aceleração foi puxada pelo fim da deflação dos alimentos, que subiram 0,17% na leitura atual, ante queda de 0,49% em julho, com influência dos produtos in natura. Também houve participação relevante do grupo transportes, que reduziu sua retração de 0,70% para 0,26% no período, após o fim do impacto de baixa do cancelamento dos reajustes de transporte público, efeito que ficou concentrado no índice do mês anterior.

Na opinião de Picchetti, o destaque do IPC-S, no entanto, ficou por conta da variação comportada dos bens comercializáveis, mesmo após a disparada do dólar: esse núcleo aumentou apenas 0,05% na última semana de agosto, pouca aceleração em relação ao recuo de 0,08% apurado em igual período de julho. No acumulado dos últimos 12 meses, o coordenador do índice da FGV mencionou que, enquanto o IPC-S avançou 5,54%, os itens comercializáveis, que são mais afetados pela trajetória da moeda americana, subiram 2,6% na mesma comparação. "Se está chegando alguma coisa [do câmbio aos preços no varejo], está chegando muito devagar e muito pouco", reforçou Picchetti.

Para ele, o enfraquecimento da demanda está por trás da transmissão mais lenta do câmbio mais depreciado aos preços ao consumidor. No passado recente, segundo seus cálculos, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) sofria um impacto do câmbio no mês seguinte à desvalorização, mas seu efeito completo se dava no índice do atacado da FGV três meses depois, movimento que Picchetti considerou rápido, mas hoje não parece estar acontecendo. Por conta do repasse cambial mais fraco, Picchetti avalia que, caso não haja reajuste de combustíveis, o IPC-S pode fechar 2013 com alta de 5,7% "com folga". O problema, segundo ele, é que aumentar a gasolina é uma decisão política, e não econômica. Assim, ele prefere manter a estimativa de alta de 0,30% para o IPC-S no próximo mês, mesmo com a correção dos combustíveis nas refinarias no radar.



Veículo: Valor Econômico


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