Preços administrados mantêm indicador dentro da meta

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A defasagem dos preços administrados é o que tem segurado a inflação dentro da meta estabelecida pelo governo, que tem como centro 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais a mais ou a menos.

Segundo especialistas consultados pelo DCI, a estratégia do não reajuste para controle dos índices de preços não deu certo, já que agora não há margem para a mudança.

Segundo o estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, a prova que os preços administrados estão bastante defasados é que a inflação dos preços administrados, no acumulado dos últimos doze meses, está em 1,26% enquanto os livres se encontram em 7,64%. Na opinião do especialista o governo está ficando sem saída: "a inflação está alta e o governo está ficando sem espaço para manter os preços administrados sem ajuste, vai ser um grande desafio para o governo não reajustar a gasolina esse ano e ano que vem".

"A gente vê que não é o objetivo desse governo levar a inflação para o centro da meta. O objetivo é manter a inflação dentro da meta e isso ficaria em risco se o governo fizesse os reajustes, o que a gente vê é o governo permitindo alguns reajustes, como o preço de gasolina que deve ser reajustado no ano que vem porque senão a inflação acumulada ficará maior que a do último ano", completou.

O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Samy Dana, também acredita que a situação do Brasil é "complicada". "O aumento do dólar não foi repassado ao consumidor, teremos tempos difíceis com inflação, setembro já vai nesse caminho", projetou o especialista durante entrevista.

O professor coloca que uma das soluções do governo para tentar reverter a situação agora seria o corte de gastos. Ele também aponta "tentar estimular a oferta e não à demanda, o problema no meu entendimento é a oferta, e para controlar a inflação deveria gastar menos, é um ano pré-eleitoral e o governo não vai fazer isso. Vamos pagar a conta da alta de inflação e baixo crescimento", completou.

Agosto

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou 0,24% em agosto. Em julho o indicador, que é considerada a inflação oficial, ficou em 0,03%. No acumulado dos últimos doze meses o indicador chegou a 6,09%.

Segundo a coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Eulina Nunes, "em agosto houve ainda um resíduo das tarifas, e que provocou um aumento relativo no grupo transporte. O mesmo aconteceu com alimentos, que vieram com uma taxa muito baixa em julho e aumentaram em agosto em função de aumento de leite, pão e outros itens. Então o IPCA de agosto foi influenciado principalmente pelos grupos transportes e alimentação", disse.

O item alimentação e bebidas saiu da queda de 0,33% de julho e ficou relativamente estável em agosto, indo para 0,01%. Já os transportes (-0,06) tiveram queda menor em agosto do que em julho (-0,66%).

O IBGE já constatou que a recente alta do dólar começou a influenciar na inflação. "O que a gente vê nos artigos de residência é um sinal de que o dólar já tem influenciado o custo, em especial alguns itens alimentícios como o trigo que influenciam na formação do pão, do macarrão e os eletrodomésticos que também subiram de um mês para o outro, a alta do dólar já se percebe em alguns itens do IPCA", completou Eulina Nunes.



Veículo: DCI


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