Vendas no varejo surpreendem e sobem 1,9% em julho

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A deflação nos alimentos e o programa Minha Casa Melhor impulsionaram as vendas no varejo em julho, mas não alteraram as expectativas do mercado de moderação no consumo nos próximos meses. No varejo restrito (que exclui automóveis e materiais de construção), as vendas aumentaram 1,9% entre junho e julho, feitos os ajustes sazonais, o melhor desempenho nesta base de comparação desde janeiro de 2012.

No varejo ampliado - que inclui, além dos oito grupos que formam o varejo restrito, veículos e materiais de construção -, o crescimento foi mais modesto, de 0,6%, refletindo a queda de 3,5% no comércio de automóveis.

Os resultados surpreenderam os economistas que, na média, previam elevação de 0,3% no varejo restrito e retração de 0,9% no ampliado, ultrapassando até mesmo o teto das estimativas de 14 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data, que era de 0,8% para o varejo restrito no período. Os analistas, entretanto, ressaltam que o desempenho de julho foi "um ponto fora da curva" e não descartam "encolhimento" nas vendas em agosto.

Para eles, existe um descolamento entre a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) e outros indicadores, como a confiança do consumidor, a busca por crédito, a evolução da renda e a geração de empregos, que nos últimos meses sinalizaram enfraquecimento do consumo. Mariana Oliveira, da Tendências Consultoria, acredita que os próximos meses serão marcados por volatilidade e uma tendência de desaceleração até o fim do ano. Nos 12 meses encerrados em julho, as vendas do comércio restrito acumularam alta de 5,4%, percentual que, pelas contas da Tendências, será minimizado a 2,2% em dezembro. Cálculo semelhante é feito pela Votorantim Corretora, que projeta elevação entre 2% e 2,5% nas vendas neste ano.

Em relatório enviado a clientes, o Bradesco afirma que o resultado de julho da PMC "reduz em alguma medida as preocupações com o consumo das famílias", mas "não há elementos suficientemente fortes para afirmarmos que o crescimento das vendas em julho - que não foram afetadas pelas manifestações populares, como se temia - constitua uma nova velocidade de expansão [do consumo]".

O Barclays ressalta que, como os resultados de junho foram afetados pela onda de protestos que eclodiu em todo o Brasil, parte do forte crescimento verificado em julho decorre de uma base fraca de comparação.

Entre junho e julho, as vendas nos supermercados subiram 1,8%, enquanto as de móveis e eletrodomésticos aumentaram 2,6%. Juntos, os dois segmentos responderam por 44% das vendas registradas no sétimo mês de 2013. Foi em julho que os preços dos alimentos medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caíram 0,33%.

"A desaceleração da inflação nos preços de alimentação, sobretudo, em alimentação no domicílio, ajudaram as vendas dos supermercados em julho", diz Aleciana Gusmão, técnica da coordenação de serviços e comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



Veículo: Valor Econômico


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