Alimentos tradicionais do gaúcho elevam a inflação

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Erva-mate, churrasco e pratos locais influenciaram a variação de 6,48% no IPC nos últimos 12 meses

Quem for se banquetear à moda gaúcha, neste setembro de louvores à Revolução Farroupilha, pode ir preparando a guaiaca. Tomar chimarrão, assar uma costela de ovelha, degustar a salada de batata-inglesa e até preparar o arroz de china pobre (com linguiça picada) está pesando mais no bolso.

A elevação dos preços nesses itens contribuiu para um recorde indesejável: é de Porto Alegre a maior inflação no país, com 6,48% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), nos últimos 12 meses. Em alusão às celebrações farroupilhas, a Fundação Getulio Vargas (FGV) calculou uma espécie de inflação gaudéria. De setembro de 2012 até agosto, a erva-mate subiu 51,53%. Carnes para o churrasco também aumentaram acima da média, especialmente o corte preferido, a costela: de cordeiro (14,94%), de suíno (13,69%) e bovina (9,03%).

Até pratos baratos da culinária gaúcha, como o arroz com linguiça, foi inflacionado. A FGV registrou que o cereal acumulou alta de 17,01% em 12 meses. Trunfo das cozinheiras que recebem visitas inesperadas e numerosas, a linguiça somou 25,99%.

André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV, esclarece os motivos para Porto Alegre ostentar a maior inflação entre oito cidades pesquisadas. O item alimentação foi o que mais pesou, com 11,17% de variação.

– Depende das características regionais, do hábito de consumo das pessoas – diz o economista.

Braz exemplifica que a erva-mate está na cesta do porto-alegrense, mas não interfere no custo de vida de outras capitais. Lembra que Salvador já teve a maior inflação por conta de um aumento temporário no preço da farinha de mandioca, apreciada na dieta de nordestinos.

O coordenador do escritório da FGV no Estado, Marcio Fernando Mendes da Silva, aponta outros fatores que podem influenciar na composição dos preços. Um deles é o tempo. Geadas, inundações e estiagens – recorrentes no Estado – provocam quebra de safras e diminuição nos rebanhos.

Produtos que hoje assustam a dona de casa, amanhã podem ser fartos na mesa. O tomate, por exemplo, já pressionou a inflação. Em 12 meses, porém, acumula queda de 44,53%.


Alta de preços deve perder fôlego

Porto Alegre atualmente exibe a maior taxa de inflação do país, entre sete cidades aferidas pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), mas a situação é confortável se for observada a série histórica.

Considerando-se o período de 2001 até agora, a Capital está em quinto lugar entre as de maior carestia, com 111,8% acumulados.

A Fundação Getulio Vargas (FGV) iniciou as medições do IPC em 2001, em seis capitais e no Distrito Federal. Ao longo do período, Pernambuco tem a maior inflação acumulada: 120,44%. A mais bem colocada é São Paulo, com 102,68%.

Economista da FGV, André Braz diz que o desempenho de Porto Alegre é similar à média da inflação no Brasil, que soma 111,13%. Nesse período, o que mais pesou para os porto-alegrenses foi a alimentação, com 152,58% de variação.

Braz prevê que a inflação, até o final do ano, tende a perder o fôlego. Analistas estimam que 2013 fechará com 5,9% de inflação, o que parece viável para a FGV. Se for concretizada, o economista afirma que haverá condições para o governo federal reajustar o preço da gasolina antes do fim do ano, livrando 2014 do impacto.

– Seria o melhor dos cenários – diz, lembrando que os preços dos combustíveis estão defasados.

Se a inflação realmente desacelerar, Braz entende que 2014 poderá significar a retomada do crescimento.




Veículo: Zero Hora - RS


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