Aporte ocorre em momento de cautela de investidores no setor

A loja on-line de vestuário Dafiti anunciou ontem que recebeu um investimento de R$ 160 milhões do OTTP (Ontario Teachers' Pension Plan), um fundo de pensão de professores canadenses. É o maior aporte recebido pela empresa, que, em menos de três anos de operação, captou cerca de R$ 500 milhões.

JPMorgan, Quadrant Capital Advisors, Grupo León e Rocket Internet já haviam investido na companhia.

A Dafiti foi lançada em janeiro de 2011 no Brasil e hoje tem operações na Argentina, no Chile, na Colômbia e no México. Parte do dinheiro canadense vai ser usada para intensificar a expansão na América Latina.

A operação foi recebida com certa surpresa, em razão de neste ano os investidores estarem cuidadosos com aportes no setor de comércio eletrônico no Brasil --há mais preocupação com a lucratividade dessas lojas.

"Os investidores estão mais céticos e muito mais preocupados em como rentabilizar o retorno [sobre o investimento]", afirma Pedro Guasti, presidente do Conselho de Interação e Comércio Eletrônico da FecomercioSP.

"Não há tendência de dinheiro fácil sem que haja contrapartida de retorno", diz.

E a Dafiti, apesar de crescer rápido, ainda não dá lucro. Malte Huffmann, sócio-fundador da loja on-line, diz que a empresa deve operar no azul "nos próximos meses".

"Estamos fazendo muito para dar lucro e os indicadores já vem sendo positivos", diz o executivo, que não revela dados de faturamento.

Por causa dessa preocupação, lojas virtuais têm feito ajustes na forma de conquistar clientes, abandonando, por exemplo, a prática de oferecer parcelamento em 12 vezes sem juros e frete grátis.

"As empresas estão começando a aceitar até vender menos, não acompanhar a curva de crescimento do mercado, para melhorar a rentabilidade", diz Guasti.




Veículo: Folha de S. Paulo