Comércio vê perdas e pressiona bancos a pôr fim à greve

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Bancários querem 11,93%, sendo 5% de aumento real; para bancos, economia atual exige cautela e oferta máxima é 6,1%

Lojistas dizem temer perdas de até 30% nas vendas em regiões como a Nordeste, onde o uso do dinheiro no varejo é maior

O comércio varejista já começa a pressionar os bancos a colocar um fim na greve dos bancários, que completa hoje 16 dias, com agências fechadas em várias regiões.

O pedido foi feito oficialmente ontem à Febraban (federação dos bancos) pela CNDL (confederação dos lojistas), que estima perda nas vendas de até 30% em regiões como a Nordeste, onde o uso do dinheiro no varejo é maior.

O ofício que pede o fim da paralisação também foi encaminhado à Casa Civil e ao Banco Central, após reunião da entidade com representantes de oito federações, que agrupam 350 mil lojistas.

"O consumidor de cidades de menor porte ainda tem a cultura de fazer a compensação de cheques e sacar no banco para fazer compras", diz Roque Pellizzaro Junior, presidente da confederação.

"Com as agências fechadas, também atrasa o pagamento de contas e boletos, o que prejudica o comércio."

O segmento do vestuário e calçado nos Estados de Pernambuco e do Ceará são os mais afetados, segundo os lojistas da confederação.

Mesmo com o avanço dos meios eletrônicos de pagamento entre os consumidores, o economista Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo, lembra que sete em cada dez brasileiros ainda usam dinheiro para pagar as contas. Os dados são de uma pesquisa feita pelo Banco Central em 2010.

"Depois de perder vendas com os protestos em junho, com as lojas fechadas em dias de jogos, na Copa das Confederações, e com a greve dos Correios, que afetou o comércio eletrônico, agora é a paralisação dos bancários que pode complicar ainda mais os resultados do varejo", diz o presidente da CNDL.

Apesar de demonstrar menos disposição para gastar até dezembro, aos poucos o consumidor recupera a confiança, o que tem efeito positivo no comércio, mostram alguns indicadores. Segundo a Serasa, a atividade do comércio teve alta de 0,9% em setembro ante agosto. Na comparação com o mesmo mês de 2012, o avanço foi de 2,3%.

Em nota, a federação dos bancos diz "lamentar os incômodos causados pela paralisação dos bancários" e informa estar "empenhada" para chegar a um acordo com os dirigentes sindicais.

INTENSIFICAÇÃO

Os bancários decidiram ontem intensificar a paralisação, que atinge 11.406 das cerca de 21 mil agências do país. "Os bancos lucraram R$ 59 bilhões de junho de 2012 a junho deste ano, de acordo com os dados do BC. Há espaço para conceder aumento real de salários", afirma Carlos Cordeiro, que comanda a Contraf-CUT (confederação nacional dos bancários).

As negociações entre bancos e bancários estão emperradas desde 5 de setembro, quando eles rejeitaram a proposta de repor a inflação (6,1%) em salários e benefícios. A categoria quer 11,93%, sendo 5% de aumento real.

Na semana passada, Magnus Apostólico, diretor de relações trabalhistas da Fenaban, disse à Folha que os bancos não pretendem conceder aumento real. "A economia gira mais devagar. É preciso cautela."

Lojas ainda vendem com desconto do IPI



Veículo: Folha de S. Paulo


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