Vendas do comércio desaceleram, mas fecham trimestre com expansão de 3,2%

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O salto nas vendas do comércio entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano não alterou a percepção dos economistas de que o setor pode registrar, em 2013, o pior crescimento dos últimos dez anos. Impulsionadas pela recomposição da renda, as vendas do varejo restrito, que não incluem veículos e materiais de construção, subiram 3,2% entre julho e setembro em relação aos três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais - percentual três vezes superior ao 0,8% verificado no segundo trimestre sobre o primeiro, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na pesquisa mensal do comércio.

Os analistas não esperam que esse resultado se repita no quarto trimestre, mesmo com uma possível aceleração momentânea nas vendas. A expectativa dos economistas consultados pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, é de elevação entre 4,5% e 5% nas vendas do varejo restrito neste ano, o que poderá ser a menor expansão desde 2003. Em 2012, o setor cresceu 8,4%.

Nos nove primeiros meses de 2013, as vendas do varejo restrito aumentaram 3,9% frente ao mesmo período de 2012 e acumularam alta de 4,8% nos 12 meses encerrados em setembro. Naquele mês, em relação a agosto, o crescimento foi de 0,5%, na sétima alta mensal consecutiva, embora o movimento indique desaceleração de vendas.

Se consideradas as vendas de automóveis e materiais de construção, entretanto, o resultado é negativo. As vendas do varejo ampliado caíram 0,7% entre agosto e setembro, já descontados os efeitos sazonais, mas ainda mantiveram crescimento de 3,6% no ano e 4,9% em 12 meses. Na avaliação do gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Reinaldo Pereira, a conjuntura econômica desfavorável está reduzindo o ritmo de crescimento do comércio.

Pela pesquisa do instituto, o comércio varejista restrito subiu 0,5% em setembro na comparação com agosto, na série dessazonalizada. Em relação a setembro do ano passado, o crescimento foi de 4,1%. Na comparação interanual, considerando-se apenas meses de setembro, o resultado é o mais baixo desde 2003. Naquele ano, o comércio restrito teve queda de 2,8% em setembro frente a igual mês de 2002. "Não estamos crescendo como em anos anteriores. Os números ainda são positivos, mas não no patamar que esperávamos. O comércio é reflexo do comportamento da economia. A indústria vai mal. Os setores de agricultura e de serviços, no qual o comércio está inserido, é que vêm segurando a economia", diz o especialista do IBGE.

O avanço das vendas do varejo restrito no terceiro trimestre, de acordo com o economista da LCA Consultores, Douglas Uemura, foi decorrente da menor inflação no período, que possibilitou a retomada do poder de compra da população. "Mas, como há a expectativa que a inflação se acelere nos próximos meses, no mínimo ela deixará de contribuir para o aumento nas vendas no varejo", afirma. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou a uma média mensal de 0,2% entre julho e setembro e, pelos cálculos da LCA, subirá para 0,7% nos três últimos meses de 2013.

Além da inflação, Uemura aponta a moderação nas contratações, a ainda baixa confiança do consumidor e o crédito mais caro e contido como impeditivos ao aumento no ritmo de crescimento das vendas do comércio.

Os estímulos à demanda, ressalta o economista-chefe da Concórdia Corretora, Flavio Combat, têm limites. Para ele, a economia já não está reagindo aos incentivos como antes, ainda que exista uma parte da população com grande potencial de consumo. "Quem já comprou bens duráveis não repetirá a compra e, ao mesmo tempo, deixará de consumir outros itens devido ao endividamento", diz. Entre agosto e setembro, automóveis, equipamentos de informática e móveis e eletrodomésticos registraram queda nas vendas, de 5,1%, 0,7% e 0,2%, respectivamente.

De acordo com o gerente do IBGE, o momento econômico também ajuda a explicar o desempenho das vendas de veículos e motos, partes e peças, que caiu 5,1% em setembro ante agosto, na série livre de influencias sazonais. Na série dessazonalizada, foi o pior resultado desse segmento desde setembro do ano passado, mês seguinte à prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "O efeito do IPI também já não é mais o mesmo. Os dados da venda de veículos foram negativos em setembro, mas isso não quer dizer que o desempenho não se inverta nos próximos meses", afirmou ele.



Veículo: Valor Econômico


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