Tíquete médio menor marcará as vendas natalinas este ano

Leia em 3min 40s

A proximidade do pagamento do 13° salário, que injetará na economia cerca de R$ 143 bilhões, dará fôlego ao comércio brasileiro este ano. No entanto, empresas como Armarinhos Fernando e Shopping D se mostram cautelosas com as vendas natalinas, apontado para o incremento do volume de venda mas redução do tíquete médio do consumidor.

Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 82,3 milhões de trabalhadores brasileiros contará com o benefício este ano.

Para o especialista em Finanças nos Negócios, Educação Financeira e Investimentos, Ruy Lopes Cardoso o período é de expectativa positiva para o mercado varejista que sentiu os reflexos da inflação nos últimos meses.

"Este ano tivemos os índices de inflação acima de anos anteriores e agora é tempo para recuperação ou amenização", avalia. Segundo Cardoso, o setor é composto por diversos segmentos e as projeções maiores de elevação partiram daqueles que deterem de custos menores.

"É provável que a cautela seja mantida entre os consumidores. Os segmentos que tiverem itens com preços de menor inflação terão surpresas positivas, diferente daqueles que trabalham com itens que dependem da variação cambial do dólar, pois sentiram um efeito menor de vendas, tendo em vista a alta da moeda americana", completa.

"O percentual destinado para as compras é acima de 50%, mas neste ano podemos constatar uma redução, pois nos últimos anos o brasileiro começou a dar atenção às despesas de início de ano. Diferente outros natais este poderá ser com menos luxo, tendo os produtos nacionais uma atenção especial. Um Natal de lembrancinhas", conclui.

Com expectativa de crescimento nas estimada em 10%, o Shopping D, zona norte da capital paulistana, investiu R$ 1 milhão em suas campanhas natalinas com olhar para esse montante que estará disponível aos consumidores. "Não esperamos um grande resultado neste ano, em virtude da movimentação econômica do País e da forte concorrência do setor", explica o superintendente do complexo comercial, Wilson Pelizaro. "Se considerarmos o índice da inflação estimado em 6% teremos uma evolução real entre 3% e 4%, diferente dos 15% no ano passado", explica Pelizaro.

Segundo aponta o executivo à movimentação do empreendimento contará com crescimento de 12%, porém o tíquete médio de compras para este Natal estará reduzido. "Neste ano os itens eletrônicos não estarão em altas e os consumidores buscaram itens com valor agregado, sendo o setor de vestuário o mais destacado do momento", sintetiza o executivo.

Para o gerente da loja Armarinhos Fernando, localizada na 25 de Março, centro de compras do varejo popular, Ondamar Ferreira, a expectativa é que haja um aumento em torno de 10% na arrecadação, em comparação com 2012. "Com essa previsão, nós investimos 10% a mais em novidades, entre brinquedos, presentes e enfeites natalinos."

Perspectivas

De acordo com o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, o impacto desse montante é grande. "É uma injeção de dinheiro substancial em um curto período", explica. Segundo Solimeo, dependendo da conjuntura, o consumidor mais endividado vai quitar suas dívidas e aquele menos endividado ele poderá destinar uma parcela maior para presentes e lembrancinhas.

Para o economista, "cerca de 24,5% dos consumidores pretendem quitar débitos, ante 32,6% em 2012". De acordo com o economista, essa queda se justifica pela queda da inadimplência e pela realização de grandes campanhas recentes de renegociação de dívidas.

"Este ano, um número maior de pessoas optou por poupar, segundo uma pesquisa realizada pela associação, a opção foi apontada por 20,4% ante 16,3% em 2012. Sendo assim, o consumidor mostra que quer se prevenir contra riscos futuros", finaliza.

Para o diretor de relações com o mercado da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luiz Augusto Ildefonso da Silva, a liberação do 13º deste ano, em comparação com 2012, indica que o brasileiro teve uma capacidade de endividamento menor que do ano passado. "Estávamos com índices mais elevados no inicio do ano e, justamente por estar com índices elevados de endividamento, o brasileiro começou a frear um pouco no consumo. Tanto que o comércio durante o primeiro semestre registrou uma lentidão, porque os consumidores preferiram atenuar suas dívidas, ao invés de gastas, mesmo não estando inadimplentes", pontua. Segundo o diretor, a expectativa para o período é que o brasileiro faça compras em maior volume, porém os gastos poderão ficar entre 8% e 10% menor, no valor dos presentes adquiridos. "Esperamos que a segunda parcela traga aquela "avalanche de consumidores" nos três ou quatro últimos dias que antecedem o Natal", finaliza.



Veículo: DCI


Veja também

Grandes empresas sentem avanço tímido no 3º trimestre

Grandes empresas do varejo sentiram diretamente os efeitos adversos da atual conjuntura econômica, mesmo em meio &...

Veja mais
Juro para consumidor é o mais alto do ano

O juro das operações de crédito voltou a subir pela sexta vez em 2013. A taxa média para pes...

Veja mais
Vendas do comércio desaceleram, mas fecham trimestre com expansão de 3,2%

O salto nas vendas do comércio entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano não alterou a percep&cced...

Veja mais
Largada para as compras de Natal

Shoppings de SC apostam na criatividade e promoções para atrair consumidores   Mesmo com a expectat...

Veja mais
Vendas cresceram em 7 atividades do varejo, diz IBGE

Sete das dez atividades do varejo registraram vendas maiores no mês de setembro em relação a agosto,...

Veja mais
Vendas em Minas Gerais aumentam 1% em setembro, segundo IBGE

Alta foi a quarta consecutiva O comércio varejista mineiro fechou setembro com alta de 1% nas vendas frente a ag...

Veja mais
Varejo: Crescimento médio no país chega a 0,5%

As vendas do comércio varejista restrito subiram 0,5% em setembro ante agosto, na série com ajuste sazonal...

Veja mais
Inflação para baixa renda dobrou em outubro, diz FGV

A inflação para as famílias com renda mensal de até 2,5 salários mínimos subiu...

Veja mais
Vendas a prazo sobem 4,11% em outubro no Brasil

As vendas a prazo cresceram 4,11% em outubro ante o mesmo mês de 2012, segundo dados divulgados pela Confedera&cce...

Veja mais