Consumo nas cidades mineiras cresce 10% desde 1997 e é estimado em R$ 196 bilhões

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Fábrica da Marluvas em Capitão Enéas emprega 450 pessoas. Empresa tem outras seis instaladas no estado



Entre 1997 e 2013 o potencial de consumo nos municípios do interior de Minas foi ampliado em 10%. Nos últimos dois anos, sua participação no consumo total do estado cresceu na ordem de R$ 7 bilhões ao ano, atingindo 64,7%. Enquanto isso, a fatia da capital e da região metropolitana ficou em 35,3%. Os cálculos são do instituto IPC Marketing, que estima consumo de R$ 196 bilhões para o interior do estado no fechamento de 2013. O vigor econômico dessas cidades não está passando despercebido por empresas dos mais variados portes em todos os ramos da atividade: indústria, comércio e prestação de serviços.

Termômetro do poder de consumo das famílias, o setor supermercadista ultrapassou a projeção do início do ano para investimentos no estado. São R$ 300 milhões, sendo 70% desse valor pulverizado em regiões do interior, como Sul, Triângulo e Centro-Oeste. “Em todo o país existe uma tendência de descentralização dos investimentos com forte crescimento do interior. Em Minas não é diferente, embora a Região Metropolitana de BH também tenha demonstrado grande potencial de crescimento, especialmente puxado pelos investimentos como no aeroporto internacional”, diz Marcos Pazzini, diretor do IPC Marketing.


Outro bom exemplo são os projetos reunindo shopping centers, hotéis, universidades e condomínios residenciais. De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), o interior retém 51% dos empreendimentos, posição bem superior aos 30% verificados 15 anos atrás, quando os grandes centros atraíam 70% do total. No fim do ano passado, a instituição contava 157 shopping centers em construção no país, dos quais 98 no interior. Dentro de dois anos, receberão esses empreendimentos mistos municípios como Barbacena, na Região Central de Minas; Montes Claros, no Norte; Uberaba e Uberlândia, no Triângulo.


   
Mas os negócios crescem também nas ruas. A empresária e pedagoga Maria Júlia Salvador Assis, que também atua como professora da rede municipal de ensino em Guanhães, no Vale do Rio Doce, resolveu investir há três anos numa loja de lingeries, a Lolita. Para isso, aplicou R$ 50 mil. “Se a loja tivesse sido aberta numa cidade grande como Belo Horizonte, talvez não desse certo. Aqui economizamos 60% no aluguel e 20% no gasto que teríamos com vale-transporte para as funcionárias”, explica. De acordo com ela, o retorno do investimento deverá ocorrer até o fim do ano que vem. “Antes, a venda de lingerie era um complemento da minha renda como professora. Agora, o salário de professora é que virou o complemento”, comemora.


Denilton José da Silva, diretor geral da Marluvas, fabricante de calçados especiais e de segurança, explica que a empresa implantou sete novas fábricas em Minas. Uma em Capitão Enéas, no Norte do estado, e as outras seis em cidades do Campo das Vertentes, como Prados, Madre de Deus de Minas, Piedade do Rio Grande, São Vicente de Minas, Minduri e Cruzília. O investimento total foi da ordem de R$ 25 milhões. Somente em Capitão Enéas, a empresa gera hoje mais de 450 empregos diretos. A expectativa é criar entre 200 e 250 empregos em cada uma das outras cidades. “As fábricas geram renda nos municípios e contribuem para a fixação das pessoas em sua cidade natal”, observa.

Descentralização


De acordo com Mônica Cordeiro, presidente do Instituto de Desenvolvimento Integrado (Indi), de fato há um movimento de descentralização das oportunidades no estado. “É o caso da indústria de alimentos em Patos de Minas, da farmacêutica em Pouso Alegre, chocolates no Sul do estado, mineração no Norte de Minas”, lembra. Ela afirma que o estado sabe que a decisão é das empresas, mas que tem muito orgulho de estar mostrando outros locais interessantes para investir em Minas.


Os grandes investimentos são fundamentais para o aumento da renda e do consumo no interior do estado. A própria expansão das cidades que estão recebendo esses aportes de recursos das indústrias alimenta o comércio e os serviços de hospedagem, alimentação e lazer. Foi o que motivou investimentos de R$ 15 milhões no Minas Platinum Hotel & Convention, em Conselheiro Lafaiete, distante 96 quilômetros de Belo Horizonte. O complexo, em construção, compreende 162 unidades de hotel e apart-hotel, 16 lojas, salão de convenção, salas de reunião, business center, restaurante, bar, academia e área de lazer. A primeira etapa fica pronta em fevereiro de 2014, com a inauguração de 72 quartos.


“As perspectivas são interessantes nas cidades médias do interior que têm possibilidades de expansão econômica”, afirma Bruno Lobato, diretor da Axis HS, administradora do complexo. A escolha de Lafaiete é estratégica, considerando-se a condição do município como polo de serviços da região onde empresas como as mineradoras Vale, Ferrous e as siderúrgicas Gerdau e Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil estão expandindo suas atividades.



Veículo: Estado de Minas


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