No acumulado de janeiro a novembro do ano passado, as vendas subiram 3,6% no Estado, conforme o IBGE
Ao longo de 2013 o comércio cearense deu diversos sinais de que o ano não seria dos melhores para o setor. Baixa intenção de compra, alta pressão inflacionária, endividamento e outros fatores já apontavam para um desempenho abaixo da média, o que foi confirmado ontem pela Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada pelo IBGE. Segundo o estudo, entre janeiro e novembro do ano passado as vendas do varejo avançaram apenas 3,6% no Ceará, na comparação com o mesmo período de 2012, sendo esse o terceiro pior resultado entre os nove estados nordestinos.
Para se ter uma ideia, Paraíba e Rio Grande do Norte apresentaram, respectivamente, crescimento de 9,9% e 9,7% no acumulado do ano até novembro, mais que o dobro do avanço cearense no período. Apenas as vendas de Sergipe (3,2%) e Bahia (2,4%) subiram menos que as do Ceará. "É um resultado muito ruim, abaixo de 4%, que já vinha sendo sentido desde maio de 2013, quando o consumidor começou a dar sinais de que estava menos disposto a comprar", diz o diretor técnico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo.
Para o economista, o balanço final de 2013 deve ser ainda menos positivo. "Tivemos um período muito concentrado de compras em dezembro, mas acredito que o desempenho do varejo ainda ficará muito aquém do alcançado em anos anteriores. Em 2012, por exemplo, as vendas subiram 10%", opina Araújo.
Quem impactou
A pesquisa do IBGE leva em conta o desempenho de oito grupos de atividades. No acumulado do ano até novembro, as vendas do Ceará caíram em três desses grupos, o que contribui para frear o avanço geral do varejo. Foram eles: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,4%); livros, jornais, revistas e papelaria (-2%); equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-5,96%). Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos foram os itens que tiveram maior avanço, com alta de 18,5%.
Para 2014, Alex Araújo não prevê uma situação muito diferente para o varejo cearense. Segundo ele, a tendência é que o ano seja ainda menos proveitoso para o setor. "O ano começou bem atípico, com as pessoas procurando bastante eletrodomésticos e eletroeletrônicos, mas creio que essa demanda será restrita a esse período de liquidação. A verdade é que o governo federal não renovou a maioria dos estímulos ao consumo, o que deve dificultar", ressalta o diretor técnico da Fecomércio-CE.
No Brasil
As vendas do comércio varejista cresceram 0,7% em novembro em relação a outubro, quando o resultado havia apontado um avanço de apenas 0,3%. O dado nacional superou a previsão do mercado para o mês, de 0,4%.
Na comparação com novembro de 2012, o setor, que nos últimos meses tem apresentado uma perda de dinamismo, registrou alta de 7%, superior aos 5,3% de outubro. Nesse comparativo, 26 das 27 unidades da Federação assinalaram variações positivas. Apenas Roraima registrou queda, de 1,3%.
Com isso, o acumulado de 2013 até novembro apresenta uma expansão de 4,3%. Em 12 meses encerrados em novembro, houve avanço de 4,4%.
O resultado oficial de 2013 será divulgado em fevereiro pelo IBGE e deve confirmar a previsão dos analistas de que o comércio tenha o ano mais fraco em pelo menos dez anos.
Veículo: Diário do Nordeste