Em 2013, vendas a prazo crescem abaixo do previsto e inadimplência sobe, aponta CNDL

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As vendas a prazo no varejo cresceram 4,12% em 2013 ante 2012 e ficaram abaixo da previsão da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que era de avanço de 4,5% no período. Os números são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), da CNDL.

A inadimplência, medida pelo número de registros no SPC, por sua vez, avançou 2,33% em 2013 ante 2012 e ficou acima do esperado pelo presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Jr., que em novembro estimou uma alta de 2%.

As vendas a prazo em dezembro foram menores que o esperado e explicam, em parte, o resultado um pouco menor que o esperado pelo varejo no balanço de 2013. No mês passado, as vendas cresceram 2,9% frente a dezembro de 2012, resultado bem inferior ao apurado entre 2011 e 2012, de 5,37%."Nem mesmo o Natal, que é a data mais importante em lucratividade e volume de vendas para o varejo, foi capaz de reverter a desaceleração das vendas", avaliou, em nota, Pellizzaro Jr.

A projeção da CNDL para 2014 é de um crescimento de 4% ao ano nas vendas a prazo, já descontada a inflação. Para a entidade, o modelo de incentivo ao consumo está perdendo efeito no Brasil e, por isso, o crescimento projetado é um pouco menor do que o avanço de 4,2% apurado em 2013.

Na avaliação da CNDL, até 2012 o cenário macroeconômico foi muito favorável ao comércio e as medidas adotadas pelo governo para estimular o mercado interno frente à crise econômica global foram bem-sucedidas. No entanto, o ciclo de crescimento do varejo, argumenta a Confederação, ficou para trás. Caso o ritmo de desaceleração da economia continue e o governo tenha dificuldades em domar a inflação, "a taxa de desemprego corre o risco de ter um leve aumento, consequentemente afetando o consumo", alerta a economista do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Luiza Rodrigues.

Luiza avalia ainda que "o comércio varejista está bem menos otimista do que em anos anteriores porque a massa salarial está crescendo menos". Isso acontece devido a dois fatores: a inflação alta e menor avanço da população empregada.

O comércio de alimentos, bebidas, supermercado e produtos eletrônicos, especialmente televisores, devem ser os mais positivamente influenciados pela realização da Copa do Mundo. Mas Luiza ressalta que o comércio alimentício não costuma utilizar crédito e, assim, a alta nas vendas desses produtos não exerce influência no indicador da CNDL, que utiliza o cadastro do SPC. Dessa forma, os 4% esperados em 2014 são puxados sobretudo por vendas de televisores.

Sobre a inadimplência, a expectativa da CNDL para 2014 é de "relativa estabilidade, com viés de alta". "O cenário mais adverso [neste ano] poderia levar a uma alta, mas o crédito mais restrito pode levar a esse resultado [de relativa estabilidade na inadimplência]", diz Luiza.

Para a CNDL, esse cenário mais restrito continuará na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que, na avaliação da entidade, deverá aumentar a taxa Selic em 0,25%, chegando a 10,25%.




Veículo: Valor Econômico




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