O setor varejista brasileiro tem um novo índice econômico de avaliação nominal de vendas. A gigante em soluções de pagamentos eletrônico Cielo lançou, nesta segunda-feira (3), o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), indicador com a proposta de avaliar mensalmente a evolução do varejo de acordo com a receita nominal de vendas.
De acordo com a empresa, a meta é avaliar 24 setores econômicos, quantidade bem superior os segmentos avaliados por outros índices financeiros. Na metodologia, a Cielo vai mapear dados de pequenos lojistas a grandes varejistas. A divulgação, segundo a administradora, ocorrerá na primeira quinzena de cada mês.
Rômulo Dias, presidente da Cielo, afirmou que o ICVA não guarda qualquer relação com o desempenho da empresa. “Na formatação do índice, expurgamos os efeitos da substituição do cheque e dinheiro, além dos ganhos e perdas de clientes e da variação de market share. Não temos nenhuma intenção de competir com qualquer outro índice econômico do mercado”, explicou.
O lançamento do ICVA, aliás, acompanha um momento de crescentes taxas de consumo no Brasil. Na primeira amostra, o índice apontou uma elevação de 13,4% em 2013. Descontada a inflação do período, a expansão foi de 5,7%. Somente no último mês de dezembro, o crescimento no setor varejista foi de 13,2%, comparado ao mesmo período de 2012.
Na coletiva de lançamento do ICVA, a Cielo deixou claro que está apostando na ideia de que a década é mesmo do varejo, embora os preços tenham subido na mesma velocidade do consumo. Um dos efeitos diretos do indicador, conforme foi destacado por Dias, foi o aumento de 42,9% no faturamento das vendas online na última Black Friday, realizada na última sexta-feira de novembro.
Para se ter uma noção do crescimento do e-commerce no Brasil, o ICVA apontou um aumento nas vendas de 200% comparadas aos números de 2012. A razão para tamanha elevação, na análise do índice, é simples: os consumidores, boa parte deles já com parte do 13º salário nas mãos, anteciparam as compras natalinas durante a oferta das promoções.
Dados regionais
O novo índice mostrou surpresas quanto ao desempenho regional. As regiões Norte e Nordeste, por exemplo, desbancaram outras tradicionalmente mais fortes no quesito consumo. Ganhando mais, à medida que os investimentos surgem, as duas regiões foram as que apresentaram maior crescimento no varejo em 2013, com aceleração de 16,8% e 15,3%, respectivamente.
O Centro-Oeste repetiu o desempenho nordestino, com os mesmos 15,3%. Já as regiões Sul e Sudeste, cuja bases de consumo já são consolidadas nos principais setores econômicos, cresceram 14,8% e 12,5%, respectivamente.
A Cielo informou que ainda não há avaliações setoriais nas microrregiões dos estados brasileiros, e sim estatísticas gerais. Em Pernambuco, o ICVA apontou um forte crescimento nos segmentos de supermercados e hipermercados, materiais de construção e lojas de departamento, cujo percentual anual foi de 14,2%. Os estados campeões no consumo varejista foram Amapá, com 21,2%, seguido do Piauí (mesmo percentual) e Tocantins (20%).
Três setores, na análise da Cielo, lideraram o crescimento no varejo brasileiro em 2013. As companhias aéreas, impulsionadas por promoções, obtiveram alta de 17,6% em receita nominal de vendas sobre 2012. Supermercados e hipermercados e drogarias e farmácias, empatados com 15,5%, completaram os três primeiros lugares.
Gabriel Mariotto, gerente de inteligência da Cielo no Brasil, destacou que a vantagem do ICVA é mapear uma cadeia de segmentos variados da economia, além dos tradicionais, baseada em dados reais de vendas, abrangência do porte de empresas, cobertura territorial e modelo dinâmico (cada setor todos os meses). “Criamos uma ferramenta que inclui setores distintos onde a Cielo está presente, um termômetro real do mercado de varejo brasileiro”, pontuou.
A intenção de criar um índice financeiro já vinha sendo avaliada pela Cielo, principalmente após o crescimento no número de usuários dos sistemas de pagamento eletrônico. Hoje, a base de dados da empresa contempla 14% do consumo das famílias em todo o Brasil. Somente em 2013, isso equivaleu a R$ 450 bilhões em transações comerciais nas maquinetas espalhadas em 99% do território brasileiro.
Veículo: Diário de Pernambuco