O risco de os consumidores que buscaram crédito no mercado se tornarem inadimplentes teve um recuo de 1,7% no quarto trimentre de 2013 em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado foi divulgado na última semana pela Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que também apresentou um balanço dos indicadores econômicos em 2013. Para este ano, as perspectivas são de crescimento do comércio de 3% a 4%, índice semelhante ao comportamento do ano passado e considerado positivo pelos economistas da empresa.
Batizado Indicador de Risco de Crédito dos Consumidores (IRC), o instrumento de cálculo apresenta o risco mediano dos consumidores que buscaram crédito. Ele recuou de 100 para 98,3 e também apresentou queda na comparação com o terceiro trimestre, de 0,6%. O indicador é utilizado como antecedente da tendência de inadimplência dos consumidores medida pelo Banco Central (BC). Para Flávio Calife, economista da Boa Vista Serviços, quanto menos for de risco o perfil médio do consumidor, menor será a chance de ele se tornar inadimplente. Na sua avaliação, a queda em relação ao final de 2013 pode apontar o que pode acontecer neste início de ano.
Segundo o economista, o comportamento da economia em 2014 será semelhante ao do ano passado. "O cenário aponta que os bancos privados ajustarão suas carteiras de crédito com a oferta de modalidades menos arriscadas. A concessão de crédito neste ano deve ficar no mesmo nível de 2013, sem grandes alterações nos níveis de consumo e no uso de instrumentos de financiamento para a aquisição de bens", acrescentou.
Fernado Cosenza, diretor de Inovação e Sustentabilidade, lembrou que o consumo de bens e serviços durante a Copa do Mundo deverá ser positivo e seu impacto já está incluído na expectativa de crescimento das vendas para 2014. Em relação ao evento, a avaliação da Boa Vista Serviços é de que contribuirá para ajudar a manter o ritmo da economia brasileira.
Quanto à inadimplência, as maiores causas apontadas pelos consumidores foram o desemprego (34%) e o descontrole das contas (26%). O primeiro é considerado o maior índice da série histórica da Boa Vista Serviços. Segundo Cosenza, não é contraditório o desemprego aparecer em primeiro lugar em um período de queda oficial em seus índices porque as pessoas continuam trocando de emprego, o que ocorre principalmente entre os trabalhadores das classes emergentes. "Como eles não têm reservas de poupança para pagar suas dívidas, acabam por interromper o pagamento de suas contas. Isso é sinal de falta de educação financeira do brasileiro e a nova classe média ainda não tem prática em usar o crédito. Nos próximos anos, essa parcela da população deverá começar a considerar como sinônimo de progresso o seu crescimento da capacidade de poupar."
Outros destaques foram o atraso em boletos (31%), cartões de crédito (25%) e cheques (16%). Cosenza disse que esses instrumentos não são considerados os vilões da inadimplência, mas apenas os meios de pagamento mais utilizados pelos consumidores brasileiros.
Veículo: Diário do Comércio - SP