Alimentação no varejo pode subir devido à seca, informa FGV

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Os alimentos no varejo ainda refletem apenas parte dos preços mais altos no atacado em função da seca, afirmou o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Mesmo assim, a alimentação ao consumidor acelerou de 0,13% para 0,99%, no âmbito da primeira prévia de março do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), divulgada nesta quarta-feira. Há chances, porém, de o grupo acelerar ainda mais, para uma taxa de pelo menos 1%, já nas próximas apurações do IGP, destacou Quadros.

Segundo o superintendente, a aceleração foi impulsionada por alimentação no domicílio, que tinha queda de 0,41% em igual prévia de fevereiro e passou a subir 1%. "É uma tremenda aceleração, e mais da metade disso tem a ver com hortaliças e legumes. O tomate, que vinha atipicamente bem comportado, voltou a subir", disse Quadros. A alta do tomate no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou em 19,46% na primeira prévia de março, após queda de 12,71% em igual apuração de fevereiro.

Os laticínios também já sentiram o impacto da estiagem, que se somam ao período de entressafra. O leite longa vida subiu 1,47%, ante queda de 5,48% na apuração anterior. O efeito veio até com mais velocidade do que no atacado, onde o leite in natura acelerou, mas se manteve em queda (-3,45% para -2,16%).

Essas consequências já eram esperadas, segundo Quadros. Ainda assim, o efeito da seca no IPC é mais discreto, e há espaço para a aceleração de outros itens. "Pode ser que, no atacado, o efeito já esteja chegando ao limite. No varejo, os laticínios e, principalmente, as carnes devem inverter a tendência e acelerar. A carga sobre os alimentos processados ainda está crescendo", disse.

Quadros destacou que esse movimento, por se tratar de uma consequência do clima árido, não é generalizada. Além disso, os ganhos nos preços dos alimentos in natura, que transmitem com mais rapidez as altas do atacado, também chegam ao seu limite, na visão do superintendente. Nem por isso a Alimentação deve ter trégua. "São grandes as chances de ter alta de mais de 1% nos alimentos. A alta da soja ainda nem foi repassada", justificou.

Carne

O que preocupa, segundo ele, é o ciclo de alta nos preços da carne que está se desenhando. "Estamos em período de safra. Normalmente temos mais oferta, e os animais estão com mais peso. No entanto, o preço, em vez de cair ou estabilizar, está acelerando", alertou. Os bovinos tiveram alta de 2,42%, após subir 0,56% na primeira prévia de fevereiro.

Na visão de Quadros, a aceleração é consequência do aumento da demanda para exportação e do clima seco. "A estiagem acentuou o impacto que já viria (pela entressafra e pela demanda)", afirmou. Ainda não há, segundo ele, nenhuma indicação de que a cadeia da carne já esteja repassando a alta dos preços. Nos bens finais, a carne bovina frigorificada chegou a desacelerar de 2,57% para 1,14%. Mas isso pode mudar nas próximas apurações. "As rações (derivadas da soja e do milho) já reagiram. No momento em que os custos da produção animal aceleram, as carnes também podem ficar mais caras", disse Quadros.



Veículo: Estado de Minas


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