Feriado voltado à Copa do Mundo pode custar R$ 136 bi ao varejo

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A realização da Copa do Mundo no Brasil divide opiniões do ponto de vista dos negócios este ano, ainda que o País sediar o evento seja comemorado do ponto de vista da visibilidade. Com problemas de atrasos em obras de infraestrutura e a preocupação a respeito da falta de preparo de boa parte do receptivo que atenderá as delegações e os turistas estrangeiros, os empresários do comércio varejista ainda terão de enfrentar uma questão mais crítica, a ser analisada na ponta do lápis: o impacto do custo na folha de pagamento, caso as empresas resolvam abrir as portas durante os dias de jogos, que nas cidades-sedes poderão ser considerados feriados e ponto facultativo.

Um estudo realizado pela assessoria técnica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), indica números surpreendentes. Com base em um ano de 252 dias úteis, o salário diário pago pelos empresários atinge R$ 4,4 bilhões no Brasil, além de R$ 1,2 bilhão adicionais nas cidades-sede da Copa do Mundo - quando não for feriado nacional. Os gastos adicionais computam um acréscimo de 100% ao valor da hora paga, quando trabalho em feriados, além de outros 37% de encargos diretos na folha de pagamento. São possíveis 64 feriados, nas cidades-sedes dos jogos, sendo sete destes feriados nacionais, caso o Brasil alcance a semifinal do torneio. Se as empresas que atuam nessas regiões sede optarem por não parar a produção em dias de competição, os custos seriam de R$ 136 bilhões, aproximadamente, graças ao pagamento de horas extras, pois os dias seriam tidos como feriados.

Ao DCI, a assessora econômica da entidade, Kelly Carvalho, destacou que apesar da relevância do evento para o País, tudo indica que não valerá a pena manter as atividades (das empresas) nos dias de disputa, evitando assim mais perda de caixa. "Em termos de impacto no Produto Interno Bruto (PIB), a perda para cada 20% de empresas que não funcionarem poderá chegar a R$ 35 bilhões", analisou ela.

Kelly afirmou que os especialistas da FecomercioSP observam que "evidentemente" a Copa vai trazer um legado para as cidades-sede, mas de modo geral é preciso prestar atenção ao resultado financeiro que o evento irá atribuir aos negócios, em especial aos pequenos e médios empresários do País. "Já é praticamente certo que São Paulo terá seis dias de feriado. É o tipo de decisão envolve decretos de prefeituras das cidades que terão os jogos. E as empresas têm de analisar a questão do ponto facultativo".

Para aproveitar, porém, a realização das disputas internacionais no País, as cidades que receberão delegações e turistas devem ter cuidado. "A Copa é obviamente boa para o País em termos de imagem. Cabe a cada cidade trabalhar bem para o turista volte à região, seja para lazer ou para negócios. E a questão da qualidade no atendimento será imprescindível. Bares, hotéis e restaurantes serão beneficiados."

Deslocamento de consumo

No estudo da entidade, dados sobre as expectativas de vendas na Copa que os economistas levantaram ressaltam que no caso dos feriados nacionais (fora os de cada região sede), muitas lojas terão de analisar a melhor opção para os seus estabelecimentos.

São Paulo, conhecida como a capital de negócios, já em tido eventos que ocorrem tradicionalmente na cidade deslocados para outras datas, havendo um deslocamento de consumo. Já outras cidades como Cuiabá e Manaus poderão ser bastante beneficiadas, ainda mais quando se leva em conta que existem cidades não tão conhecidas em termos de realização de grandes eventos.

Apesar de muitas empresas analisarem a perda de produtividade durante os dias em que haverá a disputa das seleções, o deslocamento de consumo pode beneficiar certos segmentos. As redes e estabelecimentos em contato direto com os turistas, ou até mesmo os negócios voltados a vestuário com produtos alusivos ao evento, como brindes, presentes e souvenires, entre outros, são algumas das áreas - incluindo o ramo de gastronomia e hospedagem. "Contudo temos de analisar que em outras Copas geralmente as expectativas foram maiores do que os resultados. Sempre tinha um número de turistas esperado, maior do que quando aconteciam os jogos. As competições têm sido superestimadas."

Centros de compras

No interior paulista, já há uma movimentação sobre o evento, de como as empresas devem agir. O município de Itu, no interior de São Paulo, foi o escolhido para receber a Seleção Russa. Já a Seleção Portuguesa ficará baseada em Campinas, assim como a da Nigéria e os treinos serão realizados no Estádio do Guarani. A superintendente do Shopping Hortolândia, localizado na Região Metropolitana de Campinas, Andréa Bacalão, destacou que no empreendimento a proposta vai ser utilizar a prática da maioria dos shoppings do estado: fechar o empreendimento uma hora antes do jogo do Brasil e reabrí-lo uma hora depois. "Para os demais jogos, o shopping permanecerá aberto no horário normal. Existe a diferença entre os jogos do Brasil e de outros países, porque além dos jogos do Brasil pararem o País, a Copa será realizada aqui. Mas já estamos também planejando ações que façam com que todos, clientes e colaboradores entrem no clima do evento. É impossível ficar indiferente a ele."



Veículo: DCI


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