Quando alguém clica em um produto ofertado em uma loja virtual e o visualiza imediatamente em quatro ou mais ângulos diferentes, provavelmente não imagina o aparato tecnológico necessário para manter um portal de e-commerce no ar. De acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), existem cerca de 37 mil lojas virtuais no país nas quais foram fechadas 88,3 milhões de operações em 2013, que resultaram em receita de R$ 31 bilhões. Levando em conta estudos do setor, que apontam que apenas uma entre dez a doze visitas resulta em uma compra, pode-se afirmar que os portais nacionais superaram 1 bilhão de visitantes no último ano e a projeção é de um crescimento por volta de 30% neste ano.

Independente do porte da loja, a esmagadora maioria dos sites de compra depositam suas estruturas de dados em servidores instalados em data centers. A decisão é estratégica e fundamental em um modelo de negócio no qual a rapidez no tráfego de informações é tão importante quanto o valor da marca e o pronto atendimento ao cliente.

Segundo Nelson Mendonça, diretor de operações da Alog, um dos maiores data centers do Brasil, uma empresa de e-commerce que busque estrutura para dois servidores, boa conectividade e serviços de hosting em data center economizará 50% em TI, se optar por manter sua infraestrutura em dependências próprias.

Três fatores garantem a vantagem de um data center, afirma Mendonça. "O primeiro é a robustez da infraestrutura em estar abrigada em um ambiente com redundância elétrica, de ar-condicionado, prevenção contra incêndios e total segurança de acesso". O segundo ponto é a rapidez na conectividade, uma vez que o centro de dados está interligado com diversos provedores nacionais e internacionais. E, terceiro, poder contar com uma equipe de profissionais especializados e acostumados a enfrentar situações críticas em momentos de alta demanda de pedidos.

De acordo com levantamento realizado em maio pela empresa Exceda, especializada em web performance, o número de acessos aos sites de e-commerce atingiu um pico de 385,3 visualizações por segundo nos quinze dias que antecederam o Dia das Mães. O estudo, cujos dados foram coletados a partir da plataforma Akamai, revela que o número representa aumento de 92,65% se comparado a um dia normal, que tem, em média, 200 visitas por segundo. O estudo conclui que o aumento no tráfego de dados foi 16% superior à média de um dia convencional.

Além da contratação via hosting, a empresa pode optar pela instalação de seus servidores próprios nas dependências do data center e compartilhar a rede de provedores e a redundância de serviços. Conhecido como "colocation", o modelo é adotado por companhias de porte como a Netshoes, uma das maiores e- commerce de artigos esportivos do mundo, com operações no Brasil, Argentina e México. "Temos nossos servidores em dois data centers da UOL Diveo. Mas respondemos pela administração do hardware", afirma Rodrigo Nasser, head de estratégias e inovação da Netshoes. Com cerca de 20 milhões de acessos únicos, o portal da Netshoes oferece cerca de 140 mil itens, cada um com quatro ou cinco visualizações diferentes, o que perfaz cerca de 500 mil imagens armazenadas.

Hoje, os principais portais de compras já armazenam o seu conteúdo (principalmente imagens) na "cloud" em redes independentes de banda larga. Mauricio Cascão, CEO da Mandic, diz que com a estrutura em nuvens, o cliente contrata a capacidade de acordo com a sua sazonalidade e evita o risco de sair do ar em caso de demanda além do prevista em datas fortes de comércio.

Há 14 anos no mercado virtual, a floricultura Giuliana Flores deve partir para o armazenamento em "clouds" ainda este ano, diz Juliano Souza, diretor de marketing. Hoje, a empresa aloca os serviços de hosting da Alog, que "suporta bem" o movimento de até 25 mil visitas únicas mensais em períodos como o Dia dos Namorados.



Veículo: Valor Econômico