Empresários relatam à Fazenda queda forte nas vendas

Leia em 3min 10s

Por Camilla Veras Mota e Sérgio Ruck Bueno | De São Paulo e Porto Alegre



Representantes da indústria de ônibus e de eletrodomésticos reuniram-se ontem, em São Paulo, com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcio Holland, para apresentar um quadro nada animador sobre o desempenho dos respectivos setores nos primeiros meses do ano.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus) atribuiu à demora da regulamentação do modelo de autorização para a operação das linhas de transporte interestadual a queda de 33,4% nas vendas para o segmento no primeiro semestre. Já a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) disse que a produção do segmento de linha branca caiu entre 5% e 10% no período ante igual intervalo de 2013 e que as empresas já sentem "necessidade" de repassar a alta nos custos aos preços finais.

Segundo o presidente da Fabus, José Antonio Fernandes Martins, a falta de regulamentação das autorizações para as linhas interestaduais fez as vendas de ônibus rodoviários recuarem para 2,5 mil unidades no semestre, ante 3,7 mil no mesmo período de 2013. A retração superou de longe o recuo de 19,1% no mercado total (incluindo os modelos urbanos e micros) na mesma base de comparação, para 13,1 mil ônibus, disse o empresário.

A regulamentação cabe à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que é "autônoma e independente do governo", reconheceu Martins. Mesmo assim, ele apresentou a Holland, no gabinete ministerial em São Paulo, a preocupação dos fabricantes. "Ele não prometeu nada, mas eu disse que qualquer ajuda seria muito importante", afirmou.

"O governo está preocupado com o crescimento da economia e ônibus é um bem de capital e tem impacto no Produto Interno Bruto ", acrescentou o presidente da Fabus. Agora ele pretende marcar uma reunião com a própria ANTT na tentativa de "sensibilizar" a agência para a importância da regulamentação "o mais rápido possível", já que as vendas de rodoviários seguem "fracas" no terceiro trimestre.

Depois de seis anos de discussões sobre como substituir as licenças provisórias com as quais as empresas de ônibus interestaduais vinham operando, o governo federal decidiu em junho pelo modelo de autorização, como acontece na aviação civil, em vez de promover uma licitação. O setor teme que a regulamentação que definirá questões como padrão de qualidade e especificações técnicas dos veículos se estenda por um período de seis meses a até um ano.

Martins, no entanto, espera uma solução ainda no quarto trimestre deste ano. De acordo com ele, a Abrati, que representa as operadoras de transporte interestadual, já disse que após a regulamentação as empresas devem comprar 10 mil ônibus em quatro anos, por um total de R$ 6 bilhões. "Isso é investimento fixo", afirmou.

O presidente da Eletros, Lourival Kiçula, disse que o encontro com Holland foi marcado a pedido da entidade, depois de o segundo trimestre ter sido ainda pior para o segmento de linha branca, com redução de 20% na produção em relação ao registrado nos três primeiros meses do ano. Para ele, a Copa do Mundo foi uma das principais responsáveis pela queda, já que estimulou o consumo de outros produtos. "Muita gente deve ter adiado a compra da geladeira e da máquina de lavar para comprar televisor."

A alta nos preços de insumos como aço, resinas, embalagens, alumínio e energia elétrica também foi pauta da conversa dos empresários com o secretário, assim como o peso da folha de pagamentos, em especial dos programas de participação nos lucros, dentro dos custos das empresas.

Kiçula disse que o segmento não fez nenhum pedido específico ao Ministério da Fazenda, mas frisou que haveria necessidade de repassar ao preço final dos produtos os aumentos acumulados nos últimos meses. Também participaram da reunião Armando Valle, vice-presidente de relações institucionais da Whirlpool, e Adriano Moura, diretor financeiro da Electrolux.


Veículo: Valor Econômico




Veja também

Governo sinaliza que a gasolina sobe até o fim do ano

 Petrobras. O desempenho da petroleira, cuja imagem está bastante arranhada, foi colocado no centro das disc...

Veja mais
Impostômetro atinge R$ 1 trilhão hoje, 15 dias mais cedo do que em 2013

Do UOL, em São PauloO Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que es...

Veja mais
TJLP deve ter alta gradual e seguir PIB esperado, diz Barbosa

Por Claudia Safatle | De BrasíliaO destino da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) é um dos temas relevante...

Veja mais
Luiza Trajano diz que cenário será mais difícil em 2015

Agência EstadoA presidente do Magazine Luiza, Luiza Trajano, afirmou que o cenário "será mais dif&ia...

Veja mais
IPCA recua e abre espaço para a alta da gasolina

Por Claudia Safatle | De BrasíliaMesmo com um reajuste de 4% a 5% nos preços da gasolina e um aumento um p...

Veja mais
Novo cenário para o dólar coloca pressão sobre o BC

Por José de Castro | De São PauloA virada na percepção sobre o dólar no mundo desde j...

Veja mais
Alimentos e atividade fraca devem manter inflação oficial mais contida no resto do ano

Por Arícia Martins | De São PauloA alta de apenas 0,01% do Índice Nacional de Preços ao Cons...

Veja mais
Intenção de consumo tem nova queda em SP

O interesse dos paulistanos por compras de produtos e contratação de serviços diminuiu 1,2% entre o...

Veja mais
“Está muito caro trabalhar no Brasil”

Por: Márcio KroehnA estabilidade da taxa de desemprego no Brasil, que se mantém nos níveis mais bai...

Veja mais