Analistas preveem IPCA em desaceleração

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A alta das carnes, que surpreendeu em setembro, deve ter desacelerado ao longo de outubro e colaborado para alguma perda de ritmo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período. Ainda assim, no acumulado em 12 meses, o índice deve continuar bastante pressionado, acima do teto da meta de 6,5% perseguida pelo Banco Central, o que na avaliação de economistas dá pouco espaço para um reajuste da gasolina ainda neste ano.

A estimativa média de 19 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data indica que o IPCA aumentou 0,49% em outubro, abaixo da alta de 0,57% registrada em setembro. As projeções para o dado, que será divulgado na sexta-feira pelo IBGE, variam entre avanço de 0,45% até 0,54%. Se confirmada a estimativa, a inflação acumulada nos últimos doze meses cederia de 6,75% para 6,66%, mas continuaria acima do teto da meta pelo terceiro mês seguido.

Adriana Molinari, economista da Tendências Consultoria, projeta inflação de 0,47% em outubro. Para a analista, o IPCA perdeu fôlego na passagem mensal principalmente por causa do grupo alimentação e bebidas, que deve deixar avanço de 0,78% em setembro para subir 0,69% em outubro. Para Adriana, essa é uma desaceleração relevante, decorrente principalmente do comportamento das carnes. Em setembro, esses itens subiram 3,17%. Para outubro, Adriana espera uma alta menor desse item, de 2,2%, já que a tendência de aumento dos preços dos bovinos no atacado já arrefeceu, movimento que deve ter começado a chegar ao consumidor no mês passado.

Outro grupo que deve ter contribuído para a desaceleração do índice oficial de inflação na passagem mensal, na avaliação de Adriana, é habitação. As tarifas de energia elétrica, que subiram 1,35% em setembro, agora devem ter alta de 0,43%, já que saem da conta reajustes como os de Brasília, enquanto o grupo deve ter deixado alta de 0,77% para subir 0,52% na passagem mensal.

Flavio Serrano, do Besi Brasil, avalia que, além de alimentos e bebidas, um único item, as passagens aéreas, deve ter dado contribuição importante para a variação do índice no período. O economista projeta inflação de 0,5% em outubro, com desaceleração do grupo transportes de avanço de 0,63% para alta de 0,22%. "A passagem aérea tinha subido mais de 17% em setembro e agora deve ter alta de 1,4%. Parte do pequeno alívio que vamos ter na inflação entre setembro e outubro vem desse item."

Apesar dessa questão pontual, Serrano observa que a alta de preços segue bastante espraiada, como evidenciam as medidas de núcleo, que procuram minimizar o efeito das variações dos itens mais voláteis. O economista projeta que a média dos três núcleos acompanhados pelo BC fique em 0,53% em outubro e permaneça próximo de 6,7% no acumulado em 12 meses, mesmo nível que o IPCA "cheio". Para Serrano, a variação do índice nos últimos 12 meses deve ceder de 6,75% para 6,67% na passagem mensal, ainda acima do teto da meta estabelecida pelo BC (6,5%). Até o fim do ano, diz Serrano, o IPCA deve desacelerar e encerrar dezembro em 6,4%. Caso a Petrobras reajuste a gasolina em cerca de 5% ainda neste ano, acredita que a inflação ficaria ainda mais perto do teto da meta, em 6,5%



Veículo: Valor Econômico


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