"Não dá para curar a inflação com aspirinas." A declaração, disparada pelo presidente da Fiat Argentina, Cristiano Ratazzi, marca o tom de irritação dos industriais com a falta de políticas concretas, por parte do governo da presidente Cristina Kirchner, no combate à inflação.
"Existe um problema macroeconômico no país. É preciso que fique claro que a inflação é uma doença que não se cura com aspirinas, mas sim, com medidas importantes!", sustentou Ratazzi durante o Primeiro Colóquio da Indústria da Província de Córdoba, realizado na cidade de Córdoba, a segunda maior da Argentina e um forte pólo produtor automotivo, de autopeças e máquinas agrícolas.
Ratazzi afirmou que "não acredita" que governo "esteja fazendo o necessário" para resolver o problema da inflação. O colóquio marcou uma mudança no tom dos industriais com Cristina.
Nos últimos anos, o setor foi privilegiado pela atual presidente e seu marido e antecessor, o ex-presidente Néstor Kirchner, em detrimento dos produtores agropecuários, mas a crescente inflação está eliminando a rentabilidade do setor. O governo teve uma política mutável sobre o combate à inflação. Em 2006, diante da escalada de preços, Kirchner optou por pressionar os empresários a realizar um congelamento de preços. O fracasso desta política levou o governo a "maquiar" o índice. Além disso, limitou as exportações de diversos produtos alimentícios, de forma a redirecioná-los ao mercado interno, e assim, forçar a queda no preços.
O índice da inflação oficial é elaborado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), organismo sob férrea intervenção do governo desde janeiro de 2007. A oposição e economistas independentes acusam o Indec de implementar uma intensa manipulação dos dados inflacionários. Segundo o governo, a inflação acumulada nos primeiros sete meses deste ano foi de 5%. Economistas independentes, empresários e organizações de defesa dos consumidores sustentam que a inflação nesse período superou os 15%.
COMPETITIVIDADE. O setor industrial reclama que a margem de competitividade, por causa da inflação, é cada vez menor. Segundo um relatório da consultoria Prefinex, a queda da rentabilidade proporcionada pela megadesvalorização da moeda em janeiro de 2002, começou a dissipar-se em maio de 2005.
Em plena desvalorização, em dezembro de 2003, a lucratividade empresarial foi 32,5% superior à de dezembro de 2001, quando ainda estava em vigência a conversilidade, que estabelecia a paridade um a um entre o peso e o dólar. Hoje, a rentabilidade é apenas 1% maior do que em 2001. Segundo a Prefinex, as empresas argentinas conseguem manter rentabilidade graças ao crescimento constante dos volumes produzidos, hoje 50% maiores que h[a sete anos..
Veículo: Jornal do Commercio - RJ