Na mais grave crise desde sua criação, em 2009, a Brasil Pharma informou na noite de quarta-feira o fechamento de novo contrato de empréstimo, para reforço de caixa, no valor de R$ 35 milhões com o Bradesco (no formato de Cédula de Crédito Bancário). É a oitava operação de financiamento com bancos finalizada neste ano, e o montante total em empréstimos atinge R$ 323,8 milhões.
Ao se somar esse montante com o aumento de capital já feito pelo sócio BTG Pactual, também neste ano, homologado em junho, no valor de R$ 400 milhões, são mais de R$ 700 milhões em recursos para a companhia. A maioria refere-se a financiamentos em dólar, com diferentes bancos, mas com operações de hedge contratadas.
A empresa enfrenta um processo de reestruturação operacional e de suas dívidas financeiras, por conta de erros estratégicos tomados na condução do negócio, como já admitiu a direção.
A empresa sofreu com dificuldades para unir redes regionais adquiridas e com a elevação de estoques entre a virada do ano passado e o início de 2014. Discordâncias entre os sócios sobre condução do negócio também compuseram esse cenário de ajustes na empresa, com 1,2 mil farmácias.
A busca de novos recursos se manteve ao longo do ano, enquanto o grupo já disse para investidores que tem trabalhado a reestruturação de suas dívidas, para ampliar prazo de pagamento, de forma a adequar os vencimentos ao "timing" de geração de resultados, disse o presidente José Ricardo da Silva, em última teleconferência de resultados. A necessidade de antecipar pagamentos para debenturistas neste ano também acabou pressionando mais o caixa.
Em setembro de 2014, a posição total de dívida era de R$ 625,5 milhões, composta por R$ 532,5 milhões em empréstimos e financiamentos e R$ 93 milhões em contas a pagar de parcelas futuras de aquisições. A dívida líquida da empresa somava R$ 588,2 milhões, para um valor de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) negativo de R$ 13,2 milhões.
A empresa ainda informou em ata no fim de novembro que aprovou a criação de comitês na área fiscal, de recursos humanos e de estratégia.
Veículo: Valor Econômico