O resultado fraco das vendas do varejo em 2014, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforça a expectativa de um quadro muito adverso para o consumo em 2015, na avaliação do economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria Integrada. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o varejo ampliado teve redução de 1,7% sobre 2013 e o restrito apresentou alta de 2,2% - a menor desde 2003.
"Este ano será ruim para mercado de trabalho e para a renda de famílias. Além disso, a confiança está em níveis muito baixos, sem perspectiva de melhora, e a previsão é de menor tomada de crédito nos próximos meses. O ambiente como um todo é desfavorável", avalia.
Segundo Baggi, a previsão da Tendências para as vendas do comércio em 2015 já era modesta - avanço de 0,4% para o varejo restrito e de zero para o ampliado -, e agora será revisada para baixo. "Nos dois casos a projeção deverá ser negativa." Ele acredita que o maior impacto negativo será percebido sobre o consumo de bens duráveis, que sofrem com a trajetória de alta dos juros.
Baggi ressalta que, se o panorama macroeconômico já tinha "vetores desfavoráveis", os dados do varejo divulgados pelo IBGE só reforçam a possibilidade de desaceleração da atividade no horizonte. "A crise vinha do setor industrial há muito tempo, mas agora bate também na porta das famílias."
De acordo com o economista, os ajustes contracionistas que estão sendo promovidos pelo governo por si só criavam um contexto de desaceleração no primeiro semestre do ano, mas choques que não estavam previstos, como o agravamento da crise energética e as conseqüências políticas da operação Lava Jato, contribuem para a piora do quadro. "O cenário de recessão em 2015 no Brasil tem ficado cada vez mais claro", disse. (AE)
Veículo: Agência Estado