Diante da expectativa de recessão, inflação de serviços pode cair no ano

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Segundo economistas, os preços de alguns bens de consumo também devem ter queda em 2015 e oferecer alívio ao Índice de Preços ao Consumidor (IPCA); atacado não vai ajudar o indicador

 



Segundo projeções de economistas, os preços dos serviços e de alguns bens de consumo devem entrar em trajetória de desaceleração neste ano, e oferecer um pequeno alívio ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no final de 2015.

O menor crescimento da renda da população, o enfraquecimento do mercado de trabalho e a expectativa de recessão da economia irão contribuir para a queda de preços desses itens.

Contudo, esse cenário não vai compensar a pressão inflacionária dos administrados, que deve levar o IPCA a ultrapassar o teto da banda neste ano. Nem mesmo os preços no atacado, que vêm caindo nos últimos meses, vão ajudar na inflação. Segundo especialistas ouvidos pelo DCI, isso deve acontecer porque os produtos que provocaram a queda de preços ao produtor têm, geralmente, pouco impacto na inflação aos consumidores.

Na primeira prévia de fevereiro do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) variou 0,03%, ante alta de 0,21%, em janeiro. Em doze meses, o indicador acumula variação de 2,13% até fevereiro, contra um aumento de 2,17% até mês passado.

Outras sondagens também mostram queda nos preços do atacado. O Índice de Preços ao Produtor (IPP) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, acumulou alta de 4,42% em 2014, uma variação menor do que a registrada no ano anterior, de 5,69%.

Segundo a economista Adriana Molinari, da Tendências Consultoria, a baixa no atacado não chega ao IPCA neste ano. Ela diz que a queda nesses índices foi puxada pela grande oferta de commodities agrícolas, tanto no mercado interno como externo, além da queda de preços do minério de ferro. "Produtos como soja, milho e até mesmo o minério de ferro acabam sendo diluídos na cadeia produtiva. Com isso, o impacto ao consumidor é pouco relevante", afirma.

Alívio


Somente alguns grupos de serviços e bens de consumo podem oferecer um pequeno alívio ao IPCA. Segundo projeções da Tendências, a inflação de bens semiduráveis, como vestuário e móveis, deve desacelerar para 3,70% em 2015, contra um aumento de 3,93% registrado em 2014. Já os bens duráveis, como automóveis, devem sofrer alta de 4% em 2015, maior que a variação de 3% em 2014. "No entanto, as projeções, tanto de semiduráveis como de duráveis, têm viés de baixa", diz a economista da Tendências.

A inflação dos bens não duráveis, por sua vez, deve ter alta 5,2% neste ano, patamar menor que a variação de 6,9% registrada no ano passado.

A expectativa da Tendências é que os serviços também desacelerem neste ano e variem 7,6%, ante 8,3% em 2014. "No entanto, a inflação de serviços continua acima da expectativa para o IPCA cheio de 2015, que deve variar 7,3%", diz Molinari.

O professor de macroeconomia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, Silvio Paixão, afirma que, diante do cenário de possível recessão, a tendência é que a população deixe cada vez mais de utilizar os serviços que não sejam essenciais.

O economista Alexandre Seijas, da GO Associados, concorda com essa afirmação e acrescenta que a projeção da consultoria é que a massa salarial tenha expansão de apenas 1% neste ano, contra crescimento de 2,5%, em 2014.

"Apesar da expectativa de que alguns grupos de produtos e serviços podem aliviar a trajetória da inflação no ano, é preciso deixar claro que a pressão dos administrados e da taxa de câmbio irá mais que compensar os demais movimentos de baixa", diz Seijas.



Veículo: DCI


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