Varejo pode fechar 2015 no negativo, diz CNC

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Alta do dólar, dos juros e da inflação somada à preocupação com a manutenção do emprego deixará o consumidor brasileiro mais receoso, impedindo gastos com bens duráveis no período

 



Com vendas abaixo do esperado, entidades setoriais começam a rever as perspectivas de crescimento e algumas já projetam uma possível queda do varejo ao longo deste ano.

"Ainda não falamos efetivamente de queda, mas se o cenário não mudar, as projeções serão negativas este ano", afirmou ao DCI o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes.

A previsão do especialista foi feita após as vendas do varejo apresentarem crescimento fraco de 0,6% em janeiro na comparação com igual período do ano passado, segundo resultado divulgado pelo IBGE na última sexta-feira (13). A CNC começou 2015 com expectativa de 2,4% de crescimento, em fevereiro o número foi revisto para 1,7%. Após o resultado das vendas, a projeção ficou em 1%. "Conforme os resultados saem a gente refaz a projeção. Na atual situação, qual a chance desse valor ser revisado para cima?", indagou.

Pessimismo


Para ele, a maior preocupação do consumidor agora está em cortar gastos, pois muitos temem o desemprego. "O mercado de trabalho não está nada animador ainda mais com o PIB será negativo previsto para este ano. Sem crescimento não há geração de vagas, que não gera renda nem consumo", explicou o especialista.

Outro ponto destacado por Bentes foi o crédito extremamente caro, que faz com que os setores de bens duráveis - automóveis, eletrodomésticos e afins - não consigam melhorar o desempenho em vendas, que já foi ruim no ano passado. "A taxa média de juros para a tomada de crédito está em 52,6%, a mais alta desde março de 2011", argumentou o economista.

Somado a isso, a inflação vem corroendo o poder de compra mês após mês. "Em relação a dezembro de 2014, janeiro apresentou inflação de 0,5%. Quando medimos o Índice de Preços ao Consumidor Amplo [IPCA], a inflação foi de 1,24%, ou seja, mais que o dobro do varejo. Tudo isso torna as vendas ainda mais complicadas", disse o especialista.

Resultado

Segundo o balanço do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), cinco das oito atividades pesquisadas no varejo restrito - sem automóveis nem material de construção - tiveram alta mensal no volume de vendas, com destaque para equipamentos e material para escritório, informática e comunicação com alta de 12,3% e móveis e eletrodomésticos, com 2,4%. Já as vendas de combustíveis e lubrificantes ficaram estagnadas em janeiro na comparação com dezembro. A receita nominal no varejo restrito, por sua vez, avançou 1,3% na comparação mensal e 6,4 % na base anual.

O volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, subiu 0,6 % em janeiro sobre o mês anterior, mas com queda de 0,5% nas vendas de veículos e motos, partes e peças e recuo de 0,1% em material de construção. "No ano passado, a venda de automóveis apresentou queda de 9,4%. Na comparação entre janeiro de 2015 e o de 2015 a queda foi de 16,6%. Isso sinaliza a maior preocupação do consumidor com o futuro. Eles estão inseguros quanto à manutenção dos seus empregos e não adiar a compra de bens duráveis que demandam crédito", disse o analista da CNC.

Bentes fez questão de ressaltar que, para este ano, o empresário deve melhorar a sua gestão ao invés de esperar resultados em vendas. "As vendas não vão evoluir muito no período", concluiu.




Veículo: DCI


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