A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou ontem que projeta uma retração de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do País neste ano. A expectativa foi apresentada no Informe Conjuntural, que também trouxe uma previsão de recuo de 3,4% do PIB industrial em 2015
O dado da indústria é mais pessimista que o divulgado em dezembro do ano passado, quando era esperada uma retração de 1% no setor neste ano. De acordo com a entidade, o quadro econômico desacelerado levou à revisão das previsões de desempenho. "Embora necessário, o ajuste econômico que começa a ser implantado pelo governo vai agravar o quadro no curto prazo, em função da redução do gasto público, aumento da tributação, aperto monetário e reajuste de tarifas", observa a CNI, ressaltando que a demora para iniciar o ajuste tornou seu custo muito maior.
A confederação avalia que os ajustes promovidos pelo governo vão permitir que a meta de superávit para este ano, estabelecida em R$ 66,3 bilhões, seja alcançada. Segundo o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, as medidas revertem uma trajetória expansionista que vinha deteriorando as contas públicas. Na opinião do economista, entretanto, o ajuste fiscal não será suficiente se o governo não adotar um agenda positiva, com medidas que visam, por exemplo, a simplificação de procedimentos e a redução da burocracia.
Em fase de ajustes, a entidade espera um ano de dificuldades e retorno do crescimento apenas em 2016. O economista ressaltou que o gasto das famílias deve cair 0,6% neste ano. "Até a década passada, o consumo das famílias crescia mais que o investimento. Isso reflete a perda de fôlego da capacidade de consumo, em parte, porque a inflação aumentou", disse, chamando a recomposição de tarifas e preços administrados nos últimos meses de "choque tarifário".
Inflação - A inflação acumulada para 2015, na previsão da CNI, deve ficar em 8,1%, taxa mais alta do que a previsão feita em dezembro, quando se esperava uma elevação de 6,2% no ano, e bem acima do teto da meta do governo, estabelecido em 6,5%. Segundo a CNI, o ajuste de preços administrados e a desvalorização do real vão contribuir para o cenário.
Na avaliação por setores, a agropecuária será o único segmento que deve registrar alta no ano, de 0,5%. O setor de serviços deve cair 0,4%. A última vez que foi registrada retração na área, segundo a CNI, foi há 20 anos.
A CNI prevê uma retração de 6,2% nos investimentos. "O ambiente de incertezas e questões relacionadas às investigações de corrupção inibirão o investimento em 2015", avalia o documento. (AE)
Veículo: Agência Estado