Apesar da alta dos juros, confiança da indústria é a 2ª maior desde 1995

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Indicador medido pela FGV cresce 1,1% este mês, como resultado da elevação do emprego e da produção

 

A alta de 1,75 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic), iniciada pelo Banco Central (BC) em abril, até agora não abalou a confiança dos empresários da indústria. Isso se traduz em boas perspectivas de produção e vendas para o fim de ano e num risco adicional para o BC, que está preocupado com o ritmo da demanda.

 

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) atingiu neste mês 122,8 pontos. O resultado de agosto foi o segundo maior nível da série histórica iniciada em abril de 1995. Ficou atrás apenas do indicador de outubro do ano passado (123,4 pontos). Na comparação com agosto de 2007, o ICI aumentou 0,7% este mês. Em relação a julho, a alta foi 1,1%.

 

“Na média da indústria, a confiança está se mantendo em níveis elevados, depois de ter passado por um período de desaceleração em abril e maio”, afirma o coordenador da Sondagem da Indústria de Transformação e responsável pelo ICI, Aloisio Campelo.

 

A FGV consultou cerca de mil indústrias - que, juntas, faturam R$ 567,1 bilhões por ano - entre os dias 1º e 26 deste mês. O economista destaca que a confiança da indústria cresceu neste mês, impulsionada principalmente pelo índice de expectativas para três meses. “O resultado do índice de expectativas surpreendeu”, diz Campelo.

 

Em julho, o índice de expectativas, que estava em 118,5 pontos, atingiu 121,2 pontos neste mês, marca recorde do indicador na série histórica iniciada em 1995. Os três componentes do índice de expectativas, que são a produção e o emprego previsto para três meses e a situação dos negócios para seis meses, tiveram resultados favoráveis neste mês. Aumentou de 49% em agosto de 2007 para 53% em agosto deste ano o número de indústrias que esperam ampliar a produção no terceiro trimestre. “O resultado é favorável e aborta os indícios de desaceleração que apareceram em maio.”

 

A previsão de contratações para o período de agosto a outubro também é positiva para a indústria. De acordo com a enquete, 35% das empresas declararam que pretendem contratar mais no terceiro trimestre, ante 34% delas em agosto de 2007 e no mês passado. Quando se analisa os dados do emprego previsto com ajuste sazonal, o nível atingido neste mês se equipara ao de setembro do ano passado, quando o ritmo des crescimento estava acelerado, observa Campelo.

 

“O índice de situação dos negócios para os próximos seis meses não atingiu níveis recordes, mas a combinação dos três fatores (produção prevista, emprego previsto e negócios em seis meses) é favorável para o desempenho futuro da indústria”, comentou.

 

CAPACIDADE

 

A sondagem industrial revela também que houve aumento do uso da capacidade instalada das fábricas neste mês. Em julho, o uso da capacidade, sem ajuste sazonal, estava em 86,1% e subiu para 86,5% em agosto. Apesar do aumento, o resultado ainda é inferior ao de novembro de 2007 (87,2%).

 

Com ajuste sazonal, o uso da capacidade instalada neste mês atingiu 86,2%, ante 86,1% em julho e 86,8% em junho. “O indicador de uso da capacidade está alto, porém andando de lado”, observa Campelo. Na sua opinião, isso mostra que os investimentos na ampliação das fábricas estão em fase de maturação. Apesar desse relativo conforto, o uso da capacidade no setor de materiais de construção atingiu neste mês 91,4%, o mais alto desde janeiro de 1993.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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