Diretor ressalta postura agressiva do Banco Central para conter inflação

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Segundo Tony Volpon, é importante que o mercado reconheça essa mudança, pois objetivo é passar a mensagem de que a política monetária está no caminho certo para controlar preços

 

 



O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Tony Volpon, disse na sexta-feira, que a avaliação do mercado financeiro sobre a postura "hawkish" - mais dura - da autoridade monetária o "deixa feliz". Segundo ele, isso "indica que a gente está chegando ao lugar certo", disse. Volpon participou da reunião do Grupo dos 30, no hotel Copacabana Palace, no Rio. Segundo ele, o BC tem uma estratégia clara de levar a inflação à meta de 4,5% ao ano até o fim de 2016. "Acho que a ata foi lida um pouquinho em função do IPCA, influenciando a leitura. Mas a ata está dizendo que a estratégia é levar inflação à meta em 2016. Nós temos confiança total de que conseguiremos fazer isso" disse.

O horizonte determinado pela autoridade monetária para a convergência da inflação à meta também é estratégico, segundo o diretor. "Se o Banco Central tivesse definido a data de convergência mais longe, para 2017 ou 2018, não ia influenciar comportamento dos agentes econômicos e do Banco Central hoje", explicou.

"Definimos esse horizonte de convergência de maneira que ele influencie as expectativas hoje. Então, ele tem de ser longo o suficiente para ser crível, mas curto o suficiente para já influenciar o comportamento das pessoas agora. A gente sabe que as expectativas de inflação impactam ou influenciam, são um dos determinantes da inflação de hoje. Se o BC não tivesse definido a data de 2016, a inflação de hoje seria maior", disse.

O diretor defendeu como correta a decisão de fixar esse prazo. "Eu acho que é tempo hábil para a economia se ajustar. É um ano e meio, temos um ano e meio de luta. Isso aqui vai ser uma maratona, não é uma corrida [curta]. Por isso que a gente colocou na ata perseverança, paciência, essas palavras são importantes nesse sentido", afirmou.

Desinflação


Além da política monetária, outros fatores estão contribuindo para desinflacionar a economia brasileira, falou Volpon. Um deles é a política fiscal, que "está mudando de sinal" e pode ajudar a autoridade monetária em seu objetivo de levar a inflação à meta até o fim de 2016.

"É uma discussão que estamos tendo com o mercado, do tamanho da inércia inflacionária que estamos enfrentando. Na medida em que a gente tem um conjunto de fatores que estão desinflacionando a economia ao longo do tempo. Não é só política monetária, temos a política fiscal que está mudando de sinal e que eu acho que vai auxiliar muito o BC nessa tarefa [de levar inflação à meta]", falou.

Mesmo diante da avaliação de diversos economistas, de que a tarefa de chegar aos 4,5% no fim do ano que vem será difícil, Volpon demonstrou confiança. "Numa democracia, todo mundo pode ter a sua opinião. Eu sou novo no Banco Central, como vocês sabem, mas uma das coisas que tenho feito no período em que estive lá é conversar muito com nosso pessoal que faz projeção de inflação, e tenho total confiança que, baseado nas projeções que nós temos, é sim possível levar a inflação à meta no fim do ano [que vem]", reforçou o diretor.

Sobre o evento, Volpon afirmou que as discussões têm sido "muito interessantes", porém sem divulgar o conteúdo dos debates. "Obviamente para a gente aqui no Brasil é muito interessante ouvir o que eles estão dizendo", contou. Ele e o presidente do BC, Alexandre Tombini, além de outros diretores da autoridade monetária brasileira, participam desde a noite de ontem da 73ª Plenária do Grupo dos 30. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e o ministro da Fazenda brasileiro, Joaquim Levy, também estiveram na sessão, que é fechada.

Levy, disse, também na sexta, durante a 43ª Reunião do Conselho Consultivo do World Trade Center (WTC), que em função do realinhamento dos preços relativos da economia a política monetária teve que se tornar mais dura.

Para ele, no entanto, a política monetária começa a fazer efeito. "Não se pode tapar canais que fazem efeito", disse o ministro, acrescentando que quando se sobe juro não se pode aumentar o crédito.

De acordo com Levy, é bastante comum haver reclamações e pedidos para retomadas de linhas de crédito em períodos de apertos monetários. "Mas se aumenta o crédito não adiantou nada aumentar a taxa de juros", disse o ministro. "Não podemos atrair fatores ao contrário dos canais da política monetária", reforçou o ministro para uma plateia de cerca de 100 empresários.

Mais adiante no seu discurso, Levy voltou a falar sobre o crédito no Brasil. Segundo ele, esta estrutura não dá mais conta da demanda. "Os créditos direcionados chegaram a seu limite." /Estadão Conteúdo



Veículo: DCI


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